Brasil possui 142 fintechs voltadas para soluções de crédito
Artigo atualizado em 19 de fevereiro de 2021
A queda na taxa de juros somada à crise gerada pela pandemia acentuou o mercado de crédito no Brasil, que segundo o Banco Central (BC), cresceu em 15,5% em 2020. Não à toa, as fintechs atuantes neste segmento se destacaram e atraíram mais de US$ 350 milhões em investimentos no último ano. A nova edição do Inside Fintech Report, levantamento mensal realizado pelo Distrito Dataminer, braço de inteligência de mercado da empresa de inovação aberta Distrito, faz um raio-X da evolução destas companhias no mercado brasileiro.
De acordo com o levantamento, o país já conta com 142 soluções de crédito – volume que representa 14,4% de todo o ecossistema de fintechs, que atualmente soma 988 empresas. O estudo dividiu as startups de crédito em cinco subcategorias de atuação. São elas: Oferta Direta (52), startups que oferecem crédito sem a necessidade de conexão com outros provedores; Marketplace (44), soluções que reúnem diversas ofertas de crédito de outros players em um local; Antecipação (24), empresas que atuam na antecipação de recebíveis; Peer-to-Peer – P2P (16); soluções que atuam com negociações financeiras entre pessoas; e Consórcios (6), startups que navegam exclusivamente neste segmento.
“Percebemos um boom no surgimento destas empresas a partir de 2018, quando o Banco Central publicou duas resoluções (nº 4.656 e nº 4.657) que regularam as fintechs de crédito no Brasil, tanto as soluções voltadas para pessoas físicas, quanto para jurídicas”, comenta Tiago Ávila, Head do Distrito Dataminer. “Do total das startups de crédito mapeadas no país, 33% foram fundadas após a lei ser homologada. Isso pode ser visto como um dos indicadores da relevância dos avanços regulatórios para o fomento do mercado de inovação brasileiro.”
d=”132460674357″> Investimentos em fintechsEm 2021, já foram investidos US$ 7,1 milhões nas soluções de crédito, por meio de dois aportes. Até o momento, o grande destaque é a bxblue, fintech que atua como um marketplace de crédito consignado. Em janeiro, a empresa atraiu quase US$ 7 milhões em sua rodada Series A. O aporte foi liderado pela Igah Ventures, com participação da Iporanga Ventures, FJ Labs e Funders Club.
No último ano, as startups de crédito atraíram US$ 352,4 milhões em investimentos, por meio de 21 rodadas. Este volume foi 13% maior do que o registrado em 2019, que somou US$ 312,2 milhões, por meio de 29 aportes.
No universo de fintechs, considerando aqui categorias para além das de crédito, o setor já recebeu em 2021 sete rodadas de investimento, que juntas somam mais de US$ 411 milhões — dos quais US$ 400 (97%) concentrados em uma única rodada, Series G, direcionada ao Nubank. Trata-se do maior aporte da história de todo o ecossistema de startups do País. Em janeiro de 2020, o número de aportes foi equivalente, mas em um volume 11 vezes menor.
M&As
O setor brasileiro de fintechs já registrou três fusões e aquisições em 2021. Uma destas negociações envolvem startups do segmento de crédito. A Creditas, o mais novo unicórnio brasileiro, anunciou em janeiro a compra da BCredi, empresa que atua como plataforma digital de crédito imobiliário a juros reduzidos mediante garantias.
“Ao longo do ano devemos notar mais M&As se concretizando conforme grandes corporações entendam a necessidade de evoluir e se modernizar para competir com as fintechs, cada vez mais completas”, comenta Ávila. “Outros compradores devem ser as próprias fintechs, que enxergam em outras startups um caminho mais rápido para aumentar o portfólio de produtos ou melhorar a eficiência das operações”, conclui.