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Equity crowdfunding: a ‘vaquinha’ dos investidores de risco

Equity crowdfunding: a ‘vaquinha’ dos investidores de risco

4 de outubro de 2022
7 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 4 de outubro de 2022

No início de julho, a Instrução CVM 88 estabeleceu novas regras para o equity crowdfunding no Brasil

Os financiamentos coletivos, ou crowdfundings, começaram a se difundir nos Estados Unidos no final dos anos 2000, na forma do rewards-based crowdfunding e do donations-based crowdfunding

Esses dois modelos tinham o objetivo de financiar atividades filantrópicas através de doações ou mesmo em troca de pequenos brindes simbólicos.

Eis que, nos anos seguintes à crise financeira de 2008, o equity crowdfunding ganhou espaço no mercado de tecnologia americano como um modo de driblar a escassez de capital disponível para o financiamento de startups.

Como o equity crowdfunding funciona

Os equity crowdfundings funcionam como uma “vaquinha”, em que cada participante contribui com um pouquinho de dinheiro para custear um projeto ou comprar alguma coisa. 

No universo das startups, esses financiamentos coletivos são mediados por especialistas que selecionam negócios para abrir uma rodada de captação em uma plataforma digital — o processo é online do início ao fim.

Sempre que uma nova oferta de crowd equity é aberta, é preciso definir um valor-alvo de dinheiro a ser arrecadado pela startup. Já o valor mínimo de captação é calculado em dois terços do valor-alvo definido. 

Caso o volume para atingir esse mínimo de recursos não seja atingido, a operação é cancelada e os investidores recebem o seu dinheiro de volta. Se o valor-alvo é alcançado, a empresa pode escolher entre encerrar a rodada ou continuar captando, se houver outros investidores interessados. 

No Brasil, o número de rodadas de crowdfunding que tiveram o valor-alvo atingido aumentou de quatro, em 2017, para 74, em 2020 (CVM).

Como são os eventos de liquidez no equity crowdfunding

Como em qualquer outro tipo de investimento, quem entra em uma vaquinha para financiar uma startup espera obter retornos por meio dos chamados eventos de liquidez, ou exits.

Neles, o investidor irá vender a sua participação no negócio e lucrar de acordo com a valorização da empresa no mercado.

Os exits podem ocorrer em três ocasiões:

  • em uma rodada investimentos subsequente, caso o investidor decida vender a sua participação na startup para os novos investidores ou fundos de venture capital
  • quando a startup é adquirida por uma companhia ou mesmo outra startup maior
  • no momento em que a startup realiza uma oferta pública inicial na bolsa de valores

Startups de equity crowdfunding no Brasil

No Brasil, o Kria (ex-Broota) foi a primeira fintech a realizar uma oferta pública de investimentos no mercado de capitais privado. 

Isso aconteceu em 2014 através de dois crowdfundings cuja empresa-alvo era o próprio Kria. As rodadas atraíram setenta investidores que, juntos, colocaram R$ 650 mil na startup.

Neste ano, a fintech abriu uma oferta para a startup de delivery AppJusto que levantou R$ 1,8 milhão. A vaquinha teve a participação de 938 investidores, um recorde em nosso país.

Em 2021, a EqSeed arrecadou R$ 5 milhões em uma rodada de captação aberta para si própria em sua plataforma de crowd equity. O valor foi atingido em apenas trinta horas, em um processo 100% online. 

Até agora, mais de R$ 60 milhões foram investidos em startups através da fintech, que já conta com seis exits no portfólio.

Já a SMU Investimentos foi fundada em 2013, antes mesmo do Kria. No entanto, as ofertas de crowdfunding da startup foram inauguradas somente três anos depois, em outubro de 2015. O valor da captação foi de R$ 200 mil, e a investida também era a própria SMU.

Desde então, a fintech já consolidou outras 42 vaquinhas para outras empresas em sua plataforma, que arrecadaram mais de R$ 40 milhões.

Em 2018, a SMU recebeu um aporte semente da Bossanova Investimentos, o fundo de venture capital mais ativo da América Latina.

Por fim, em 2021 a MB Tokens (ex-Clearbook) se tornou uma das primeiras empresas do mundo a tokenizar investimentos em startups via equity crowdfunding.

O quadro de acionistas das upstarts escolhidas pela MB é digitalizado e registrado em blockchain* e as ações se tornam tokens**, facilitando sua gestão e movimentações futuras.

A regulação do mercado

Entre 2015 e 2016, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) iniciou conversas com as principais plataformas de crowdfunding do Brasil com a intenção de desenhar os contornos de uma norma específica para esses micro IPOs digitais. 

O regulamento foi finalizado após uma audiência pública em novembro de 2016 e publicada em 2017.

A Instrução CVM 588, como foi chamada, aumentou a segurança e a transparência das ofertas aos investidores, estabelecendo um conjunto mínimo de informações e documentos que as rodadas de crowd equity deveriam apresentar ao público. 

De acordo com Camila Nasser, fundadora e atual CEO do Kria: “A estabilidade regulatória serviu de impulso para o mercado. Surgiram novas plataformas e o modelo se tornou atrativo também para investidores institucionais.”

De fato, na época da publicação da ICVM 588, havia somente cinco plataformas de equity crowdfunding no Brasil. Hoje, já são mais de cinquenta.

Com a nova regulamentação, os valores captados via financiamento coletivo no país ainda cresceram mais de vinte vezes.

A ICVM 88

No início de julho, a Instrução CVM 88 estabeleceu novas regras para o equity crowdfunding no Brasil. 

As principais mudanças da Resolução 88 em relação à ICVM 588 foram:

  • o valor máximo de captação para startups via crowd equity subiu de R$ 5 para R$ 15 milhões
  • agora, empresas com faturamento de até R$ 40 milhões por ano poderão abrir uma vaquinha (vs. R$ 10 milhões anteriormente)
  • caso a empresa faça parte de um grupo econômico, o valor limite de faturamento será de até R$ 80 milhões

O futuro do equity crowdfunding no Brasil

Apesar dos enormes avanços que a Instrução CVM 588 trouxe para o mercado de equity crowdfunding nacional em 2017, a primeira vez que investidores crowd obtiveram lucros em nosso país foi em 2019, com a venda da startup Resale (de gestão e venda de imóveis retomados) para o Banco BTG Pactual.

Com o objetivo de fortalecer essa indústria, em 2021 o Kria lançou o KRS, sistema que fornece infraestrutura tecnológica e jurídica para outras empresas realizarem as suas próprias rodadas de financiamento coletivo de startups.

Entre as marcas que já utilizam o KRS, estão 100OpenStartups, maior ecossistema de startups do Brasil; o Fundo Ouro Preto, que conta com R$ 5 bilhões sob gestão; e a Vegan Business, principal rede da comunidade vegana do Brasil.

Por meio de iniciativas desse tipo e a publicação da Resolução 88 poucos meses atrás, a expectativa é que o nosso mercado de crowd equity continue crescendo e atraia cada vez mais novos players.

Investimento estrangeiro no Brasil via equity crowdfunding: conte com o Bexs Banco

Quando um investimento de crowdfunding é feito em dólar ou qualquer outra moeda estrangeira, a conversão para o real fica por conta da empresa que está promovendo o financiamento coletivo.

Investimentos de fora no Brasil podem ser recebidos por meio de remessas internacionais ou em lote, mas também por meio do câmbio as a service/FX as a service, que agilizam o fechamento do câmbio através da digitalização do processo de aquisição de moeda estrangeira e pagamento.

O Bexs Banco oferece soluções de câmbio as a service para que os crowdfundings da sua empresa também contem com investimentos internacionais.

Entre em contato!

*Tecnologia de contabilidade distribuída que surgiu para autenticar transações realizadas com Bitcoin

**NFTs (non-fungible tokens) são criptoativos não fungíveis, isto é, possuem uma identidade única e não podem ser substituídos por outros. Exatamente por isso, eles funcionam como um certificado online de propriedade