Visibilidade Trans: 4 iniciativas de inclusão no mercado de trabalho
Artigo atualizado em 29 de janeiro de 2024
Janeiro é o mês nacional da visibilidade trans, e hoje (29), celebramos o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Entenda a importância da data para a causa e como o mercado de inovação está de olho na diversidade!
O Dia Nacional Da Visibilidade Trans
Desde 2004, todo dia 29 de janeiro celebramos o Dia Nacional da Visibilidade Trans.
Há 20 anos, neste dia era realizado um ato de lançamento da campanha “Travesti e Respeito”, em frente ao Congresso Nacional, liderado por ativistas em parceria com o Ministério da Saúde.
Assim, o ato se transformou em um marco importante na luta da população transgênera (pessoas que não se identificam com o sexo biológico que lhes foi designado no nascimento) brasileira pelos seus direitos à cidadania, provocando uma reflexão acerca de ações necessárias para a inserção da comunidade em todas as esferas da sociedade.
Portanto, o Dia Nacional da Visibilidade Trans é fundamental para trazer a discussão sobre a transfobia para o centro do debate público, pois ainda há um longo caminho a percorrer na luta pela equidade.
Panorama da população transgênera no mercado de trabalho formal brasileiro
Infelizmente, ainda é muito comum que pessoas pertencentes a grupos sub-representados encontrem dificuldades de ingresso no mercado de trabalho formal, e com a população transgênera não é diferente.
De acordo com uma pesquisa realizada com 147 pessoas pelo projeto TransVida, do Grupo pela Vidda, 52% dos entrevistados garantem ser a única pessoa transgênera contratada da empresa.
Além disso, um estudo da consultoria Mais Diversidade aponta que 20% das população trans está desempregada — a taxa de desemprego geral está em 7,5% — e 56,82% sofre de insegurança alimentar.
Corporações são essenciais para promover mais diversidade, equidade e inclusão
Assim, para mudar essa realidade, é imprescindível que as corporações reconheçam seu papel neste cenário, promovendo a diversidade, equidade e inclusão (DE&I) de pessoas trans dentro de seus espaços.
Para Rafa Mores, CEO da startup ELU, as organizações só têm a ganhar neste processo.
“Grandes organizações têm uma responsabilidade social e uma grande oportunidade de encarar a diversidade e inclusão como um potencializador de negócios, ao mesmo tempo que impactam positivamente pessoas diversas. Acredito que as organizações têm um papel fundamental na transformação da sociedade.”, argumenta.
Além disso, para Rafa, a inclusão de pessoas transgêneras dentro das organizações é a chave para o processo de inovação.
“A diversidade e inclusão está intimamente ligada com a criação de organizações mais inovadoras, sustentáveis e que atingem melhores resultados financeiros e sociais. Na minha visão, investir em diversidade e inclusão é investir estrategicamente na criação de soluções mais inovadoras e empresas que performam mais.”, argumenta.
Essa visão faz total sentido: segundo levantamento da McKinsey, empresas diversas têm 35% mais chances de conseguir rendimentos acima da média do seu setor. Além disso, de acordo com a Harvard Business School, em organizações que valorizam a diversidade, os colaboradores demonstram um aumento de 17% em engajamento, mostrando disposição para ultrapassar suas responsabilidades habituais.
Portanto, apoiar o ingresso de pessoas transgêneras no mercado de trabalho formal é extremamente importante para criar ambientes cada vez mais inovadores
Para apoiar nessa missão, as corporações têm contado com startups. Essas empresas estão revolucionando o mercado de trabalho ao promover políticas de ingresso de pessoas trans, travestis e não binárias nas empresas através da tecnologia e inovação. Conheça algumas delas a seguir.
4 startups que estão transformando o mercado de trabalho através da inclusão
Conheça 4 startups que além de revolucionar o mercado de trabalho ao promover a inclusão de pessoas trans, travestis e não binárias, também estão gerando impacto social positivo.
educaTRANSforma
Como vimos anteriormente, o ingresso no mercado formal de trabalho é um grande desafio enfrentado pela população transgênera.
Para mudar essa realidade, nasceu a educaTRANSforma, iniciativa de capacitação online e gratuita voltada para a formação de profissionais trans na área de tecnologia.
Assim, a edtech contribui não somente para a educação, como também para a empregabilidade e inovação inclusiva no mercado de trabalho.
Ao final da capacitação, as pessoas formadas podem ser contratadas por empresas parceiras.
Por fim, o projeto também auxilia as empresas a estruturarem seus processos internos de diversidade e inclusão.
Plurie BR
E por falar em diversidade e inclusão, a inteligência artificial também é uma grande aliada nesse movimento.
A Plurie BR sabe bem como utilizar essa tecnologia para deixar o mundo corporativo mais equânime, promovendo a inclusão de pessoas transgêneras nos espaços corporativos.
Essa edtech utiliza inteligência artificial para cruzar dados e gerar métricas quanto ao avanço das políticas de DE&I dentro das empresas. Dessa forma, os responsáveis por DE&I conseguem tomar decisões baseadas em dados.
Além disso, a plataforma possui, ainda, um serviço de streaming de conteúdo sobre diversos assuntos ligados à essa temática.
Nohs Somos
A Nohs Somos é uma startup de impacto social que possui como objetivo principal promover o bem-estar da comunidade LGBTQIAPN+ e auxiliar as empresas a melhorar sua gestão inclusiva.
A startup desenvolveu o MAPA LGBTI, um aplicativo que permite às pessoas LGBTI+ avaliarem e compartilharem informações sobre locais amigáveis à comunidade. O aplicativo já conta com mais de 40 mil usuários e mais de 10 mil avaliações de locais em todo o Brasil.
Além disso, a hrtech auxilia as empresas no processo de criação de um ambiente mais inclusivo e atrativo para pessoas LGBTQIAPN+. Isso inclui coleta de dados internos, construção de plano de ação, estruturação de comitês e assessoria mensal de DE&I.
TransEmpregos
A TransEmpregos é uma startup que tem como principal objetivo promover a inclusão de pessoas transgêneras no mercado de trabalho.
A hrtech fornece uma plataforma totalmente gratuita que possibilita o cadastro de profissionais trans e empresas que estejam com vagas abertas.
Além disso, ela também oferece cursos de capacitação profissional, com o incentivo educacional de empresas.
Hoje em dia, a TransEmpregos conta com 2.523 empresas parceiras. Só em 2022, foi contabilizado um total de 1.113 profissionais empregados pela iniciativa. Em 2023, 1.040 profissionais foram contratados.
Para Maite Schneider, uma das fundadoras da TransEmpregos, o sonho é que as pessoas não enfrentem barreiras para sua empregabilidade, levando à “falência” da startup.
Diversematch: conectando talentos transgêneros a grandes players do mercado
Na última semana, aconteceu a 1ª edição do Diversematch, um evento voltado para a empregabilidade trans organizado por startups de DE&I em parceria com o Meta.
Durante o evento, os participantes puderam fazer networking com outros profissionais, se desenvolver profissionalmente e escutar pessoas referência no mercado.
Essa iniciativa evidencia o quão fundamental é que a sociedade como um todo se engaje nessa luta, promovendo a educação, a sensibilização, a representatividade e o apoio às pessoas trans. Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária para todas as pessoas.