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Novo Normal: como lidar com a imprevisibilidade?

Novo Normal: como lidar com a imprevisibilidade?

25 de junho de 2020
14 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 25 de junho de 2020

texto escrito pela Schoolastic

O empresário americano Mohamed El-Erian (Allianz Group – PIMCO) cravou a “nova” buzzword do momento: NOVO NORMAL. Ah! Mas ele não criou esta expressão agora, durante a atual crise mundial gerada pela pandemia da COVID19. Ele usou esta expressão para explicar a ruptura estrutural que estava acontecendo em decorrência dos eventos da crise mundial de 2008, desencadeada pela bolha imobiliária norte americana.

Doze anos se passaram e tá aí a buzzword mais utilizada e atual que nunca.

Muitos segmentos estão se reinventando em serviços e modelos operacionais. A tecnologia vem dando importante suporte a este processo. Mas a imprevisibilidade, tônica do mundo VUCA, acrônimo que contextualiza a volatilidade (Volatility), a incerteza (Uncetainty), a complexidade (Complexity) e a Ambiguidade (Ambiguity), é imperativa.

A cada “chacoalhão” um novo normal. E desta vez, está sendo um “daqueles”! Estamos construindo o nosso novo normal em meio ao caos.

Cada vez mais é difícil pensar na próxima aposta. Lidar com o mundo VUCA, talvez tenha se tornado um super combo de habilidades, tão importante e essencial, quanto todas as demais elencadas como fundamentais para o futuro das profissões, segundo o World Economic Fórum.

Nesta visão “caótica” de mundo, cuja tônica é se reconstruir e se adaptar rapidamente ao que vier, onde mais de 80% das profissões do futuro, segundo especialistas e futurologistas, ainda não existem, o que precisamos “aprender”?

A palavra “aprender” por muito tempo teve uma relação monogâmica, quase que abusiva com a palavra “escola” (por mindset), conquistou sua independência e gritou aos quatro ventos: – Eu amo mesmo são os Lifelong Lerners! E há algum tempo, vive uma vida “promíscua” com todos aqueles que aprenderam a aprender ao longo da vida.

E a escola?

Acredito que com a independência do aprender, ela também está se libertando de um fardo, para se aproximar da etimologia de sua origem enquanto palavra, skholé, palavra grega que costuma ser traduzida por “ócio”, mas que melhor caberia ser pensada aqui como “liberdade para poder conhecer o mundo”. 

Acredite você ou não, nas “teorias” que colocam as escolas em uma mera posição de subserviência ao mercado de trabalho, a educação tomou o “chacoalhão” que precisava para começar a sair da inércia que a aprisionava aos modelos de seus primórdios. Se ela atende ou não aos interesses do sistema econômico mais que à simples prerrogativa de que a vida precisa da educação para seguir sua trilha natural de evolução, tanto quanto se alimentar, já não faz a menor diferença. Tudo é o todo.

Tudo começa, passa e (nunca) termina, pela educação.

A pandemia baixou a resistência física de muitos contaminados, e a “resistência” de todos os que foram impactados de forma colateral, em várias esferas de suas vidas. Neste momento, por exemplo, vejo professores que compreenderam a necessidade de se requalificarem e incorporarem o “lifelong learning style” às suas vidas, antes mesmo de exigirem melhores condições e valorização. Pais e responsáveis, se deram conta do “trabalho” que é educar uma criança, missão da qual estavam de uma certa forma desengajados.

Segundo futurologistas do Da Vinci Institute (Colorado – US), a maior empresa no mundo em 2030, ainda não existe e será uma empresa da área educacional. A educação está em meio à sua metamorfose, e a pandemia só fez acelerar este processo.

Principalmente ante a forma abrasileirada de se fazer as coisas, estamos diante de um dilema, em forma de risco de curto prazo:

Com a tendência nítida da educação partir para um modelo essencialmente híbrido em pouquíssimo tempo, devemos correr agora para apenas digitalizar nossos processos (que é o que mais temos visto)? Ou já aproveitamos e nos aprofundamos nas mudanças de abordagens pedagógicas e estruturantes para aproveitar melhor o pacote?

Ao meu ver, digitalizar nosso modelo educacional pode apenas reforçar nossas mazelas, e também nos garantir o certificado de incompetência digital. Atualmente, consolidados os dados da educação brasileira (escolas premium + escolas particulares + escolas públicas), nos encontramos entre as piores performances educacionais do mundo, segundo o PISA – Programme for International Student Assessment.

Primar pela digitalização, vai acentuar apenas as diferenças. Diferença que já é nítida dentro do nosso modelo educacional atual, quando você mergulha no PISA e pega os dados apenas das escolas premium no Brasil, e percebe que ela já está entre as 10 melhores performances do mundo. Diferença que se espelha e fica cada vez mais acentuada em nossa sociedade.

Educação deve ser, cada vez mais, política de estado, com mudanças profundas e estruturantes, no sentido de respaldar as escolas públicas, se não dos mesmos recursos tecnológicos avançados das escolas premium (livros de capas duras, lousas digitais, recursos de realidade virtual/ampliada entre outros dispositivos imersivos), mas de recursos humanos capazes de executar a educação do século XXI, munidos de um simples link de internet e devices para acesso a conteúdo.

Professores capazes de acolherem e respeitarem as habilidades naturais dos estudantes, dentro de uma educação inclusiva, no sentido mais amplo que a palavra inclusão pode assumir. Olhando por este prisma, não tenho dúvidas que a escola pública pode ser capaz de desenvolver competências socioemocionais de forma muito sólida, dada a forma democrática de lidar com a pluralidade, sendo um lugar onde o filho de quem tem mais ou menos recursos, melhores ou piores condições financeiras, exercita o convívio com os demais e é tratado pelos educadores, da mesma forma. Isto aumenta exponencialmente a possibilidade de “quebras” de paradigmas racistas (de qualquer que seja o gênero) e com isto, nossa possibilidade de conquista de uma sociedade mais igualitária.

Ainda sonho (e luto) pelo o dia em que os pais irão considerar o ensino público como uma possibilidade pelo seu poder transformador e não apenas como uma rota no caso de não haver recursos para pagar uma escola privada.

Algumas das mudanças pedagógicas e estruturantes, que podem fazer a diferença em nosso resultado, e independem ou tem baixa dependência da tecnologia, e podem alinhar nossa educação às premissas fundamentais da educação do século XXI, na minha opinião, são:

Ensinar a aprender

A promiscuidade da qual citei há pouco, não se caracteriza apenas ao aprender se relacionar com múltiplos lifelong learners simultaneamente, mas também por conter elementos distintos , misturados desordenadamente, confuso, misturado, podendo conter imoralidade ou degradação moral. Ensinar a aprender então se torna fundamental não somente na camada cognitiva, quanto principalmente na social, tornando-se a escola então, através de seus mediadores e facilitadores do conhecimento, os professores, filtros curadores da informação, cuja principal habilidade, deve ser a do pensamento crítico. Quem domina esta habilidade e sabe de sua importância, se contenta em apresentar/ mediar as informações sem, contudo, manipular/distorcer sua compreensão/entendimento.

Estimular o lifelong learning 

Ensinar a aprender, requer repertório. Um dos grandes desafios da nossa educação é exatamente este: garantir que os educadores ampliem seus repertórios e possam estimular/guiar seus estudantes nesta mesma linha de construção, aguçando a curiosidade, criatividade, inventividade, cientificidade, entre outros elementos. Quão menores os aprendizes/estudantes, maior o espelhamento. Daí a importância de trabalhar o “ser” educador.

Metodologias ativas

Metodologias ativas, abordagens de estímulos criativos a partir da livre expressão e a aprendizagem criativa, mediados por especialistas como arte-educadores, pesquisadores, cientistas, entre outros, podem simultaneamente auxiliar no desenvolvimento de estudantes e processos formativos de professores, garantindo um maior engajamento de ambos os públicos. Isto também insere a dose de multidisciplinaridade e transversalidade que desarraiga a aprendizagem de conteúdos de disciplinas especificas. Este passo é fundamental para a criação de experiências inspiradoras, contextualizadas e orientadas a aplicações práticas.

Formação de design educadores

Design thinking deve fazer parte do currículo obrigatório para formação de novos profissionais na área da educação. Para uma atuação mais abrangente, professores precisam ser capazes de criar seus próprios portfólios, validando suas técnicas com e para diferentes perfis de público, mensurando resultados junto a cada grupo e revisitando as temáticas de tempos em tempos para atualizá-la/incrementá-la, exatamente como se a cada aula estivesse criando sua própria solução, incluindo a possibilidade de cocriação em parceria com outros educadores e com os próprios educandos.

Habilidades e competências socioemocionais no centro do processo de desenvolvimento

Vivemos intensamente este momento em que as mudanças aceleradas impedem ao menos parcialmente a previsibilidade de futuro para tomada de decisões de longo prazo. Estima-se que mais de 60% dos estudantes brasileiros irão se formar em profissões que simplesmente serão dizimadas nos próximos 10 anos.  Num cenário como este, a melhor aposta é no desenvolvimento de habilidades de vida, no ser, no desenvolvimento integral. Esta é uma missão cujo objetivo só pode ser atingido de forma conjunta: Escolas e famílias.
Eis o grande “pulo do gato”, pulo alto, que a educação brasileira principalmente, vai precisar encontrar uma forma de dar, mesmo já tendo perdido muitas de suas 7 vidas.

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Fracionando o tema sobre habilidades e competências:

Descoberta e monitoração

Partindo da premissa que não existem aulas de desenvolvimento de competências socioemocionais, é importante que os educadores do século XXI sejam capacitados a observar padrões comportamentais específicos, durante o transcorrer de todas as interações presenciais com os estudantes, que possam gerar indicadores que evidenciem o desenvolvimento de habilidades e competências naturais, em convergência com os padrões individuais de preferências cerebrais. A incorporação de processos observatórios comportamentais e a análise e monitoração persistente destas informações se farão extremamente necessárias. Tecnologias já contribuem nesta jornada, ajudando a criar um ciclo positivo de valorização das habilidades naturais.

Engajamento familiar

As famílias que hoje, em meio a pandemia, tiveram que assumir a responsabilidade de mediar o conhecimento junto aos seus filhos de forma mais efetiva e, totalmente despreparados para isto, muitos sentiram-se extremamente perdidos e desconfortáveis. Claudia Costin, uma das principais referências em educação no Brasil, Ed. Diretora do Banco Mundial e Secretária de Educação no Rio de Janeiro, já alertava há alguns anos para 2 problemas principais que atravancavam a educação brasileira: A Formação dos educadores para lidar com o material humano do estudante do século XXI e o quase que completo desengajamento dos pais e responsáveis do desenvolvimento educacional dos filhos. Logicamente, pouco tempo a frente, esta sensação sufocante irá atenuar-se, com uma melhor adaptação de todos, escolas, estudantes e famílias, a este novo formato imposto pela necessidade. Porém, ninguém poderá imaginar que as coisas voltarão a ser como eram. Todas as peças essenciais serão consumidas pela nova educação, um tanto minimamente mais híbrida; caberá a escola criar os canais/pontes para um compartilhamento adequado das responsabilidades de cada agente, incluindo os processos observatórios comportamentais. Novamente, dentro do universo de soluções disponíveis, diversas edtechs auxiliam as escolas em seu processo de transformação digital.

Conteúdos

Os produtores de conteúdo precisam expandir os potenciais de suas soluções para propostas de atividades abrangentes a práticas familiares. As escolas precisam entender que, principalmente neste momento divisor de época, educar as crianças passa também por educar seus pais. De forma empírica, com estratégias atraentes e criativas, promover o desenvolvimento das habilidades de vida que desejam ver em seus estudantes, em seus pais. Um pai que não prima por empatia, dificilmente conseguirá ajudar a desenvolver empatia da melhor maneira junto aos seus filhos, por exemplo.
E os pais que estiverem lendo este artigo, não devem se sentir diminuídos, nem tampouco incompetentes. Devem observar isto como um plus pelo serviço pelo qual pagam, seja diretamente para escolas privadas, seja através da escola pública, mantida com os impostos pagos por todo cidadão.

Existe um ditado indígena muito bonito que diz que é preciso toda uma tribo, para educar uma única criança.

A BNCC – Base Nacional Comum Curricular, cuja aprovação foi homologada em 2018, com implementação prevista para 2020 (execução completamente impactada pela pandemia), de alguma forma já traz elementos em forma de diretrizes muito saudáveis para uma renovação no padrão da educação brasileira ao estabelecer como direito dos estudantes, desenvolverem o que na base se apresenta como 10 competências gerais.  Esta base foi uma conquista da sociedade brasileira, pensada por profissionais da área, inúmeros comitês em todos os estados, compostos por professores, coordenadores e gestores educacionais, sociedades privadas, entidades públicas e 3º setor, incluindo organizações e institutos.

Existe uma complexidade grande na implementação desta base, principalmente porque ela exige das escolas, públicas e privadas, adequações em suas matrizes curriculares, avaliativas e de conteúdo, além da formação adequada de professores, maior dos gargalos.

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Existem logicamente, dentro da área educacional, correntes e suas agendas ocultas, que mantém um movimento silencioso de resistência à mudanças, algumas até seguindo a lógica de quão mais “commoditizado” ou pasteurizado melhor (menos trabalho), travestindo sua resistência em preocupações com pensamentos do tipo:

Não podemos mudar nada se não tivermos certeza de que o impacto será positivo!
Não podemos arriscar o desenvolvimento dos estudantes!
Como vamos administrar os “ânimos” das famílias se o trouxermos para dentro do processo?
Não temos dinheiro para implementar mudanças estruturantes tão significativas.


Oras, convenhamos, é hora de romper com este tipo de crença pois, no mundo VUCA, esperar o momento e a forma ideal, é quase que assumir morrer esperando!

Educação é algo que precisa ser alimentado por uma fonte de energia renovável autônoma chamada por alguns de propósito.

Por fim, convido todos a baixarem meu livro, compactado para o formato ebook: A eVUCAção do Século XXI – Método do Olhar (3ª. Edição), disponível gratuitamente. Além disso, a empresa na qual sou fundador, a Schoolastic, especializada em ajudar escolas a acelerarem o processo de descoberta de habilidades e competências de estudantes de todas as idades, está validando um novo serviço neste momento (MVP – Minimum Viable Product), orientado ao B2C (quem sabe até B2B mais orientado à Recursos Humanos), chamado Reconheça-me e já estamos recebendo muitos feedbacks encorajadores.

Esta é nossa forma de ajudar as pessoas, neste momento de introspeção ou até mesmo de maior percepção de si mesmo e das características dos demais integrantes de sua familia, gerado pelo distanciamento social, a reconhecerem a partir do mapeamento de padrões comportamentais (auto-observação ou observação de seus filhos), quais as competências socioemocionais de maior relevância dentro de seu perfil de preferências cerebrais e como eles impactam em sua vida, mostrando suas principais habilidades já desenvolvidas além de potenciais necessidades de apoio ou incentivo para desenvolvimento.

Acesse: www.reconheca.me e obtenha 100% de gratuidade no serviço digitando o voucher: DISTRITO