Startups: Como alcançar máxima produtividade
Artigo atualizado em 24 de janeiro de 2019
Startups vivem em mares turbulentos onde a maior das certezas é o iminente fracasso. Se a empreitada for mal planejada, o transatlântico / cruzeiro / barco / jangada pode afundar a qualquer momento.
Para combater o implacável oceano das incertezas é fundamental um mapa e uma bússola que aponte para o norte da vitória. E esta terra firme prometida só será alcançada com altíssima produtividade maximizando os escassos recursos à disposição. E esta entrega só será realizada com remadas fortes e contínuas da equipe sempre em uníssono na mesma direção.
Assim, segue abaixo o mapa dos 10 guias que favorecem a altíssima produtividade em cenários incertos trazendo consistência à equipe sempre respeitando o desenvolvimento das competências individuais dos integrantes.
- A perfeição não é acertar de primeira mas aprender com o primeiro erro
- Menos é mais
- Tudo deve ser feito com base em referências
- Tudo deve ser documentado
- Todas as reuniões devem ter pauta e horário de término
- Tudo que leva menos de 10 minutos deve ser feito agora
- A responsabilidade pelos erros é sempre do líder
- Executar apenas tarefas que geram valor
- Thinking Environment
- Estratégia das Mittelstand
1. A perfeição não é acertar de primeira mas aprender com o primeiro erro.
Todos erramos e, no universo incerto das startups, o “fail fast” é implacável. Este conceito esclarece que, quanto mais erros cometermos, melhores ficaremos porque a quantidade de acertos é proporcional à quantidade de erros. Em outras palavras: em cenários incertos, quanto mais errarmos, maior a chance de acertarmos.
Erramos mas queremos ser perfeitos. Não queremos falhar. Ou, pelo menos, queremos falhar o mínimo dos mínimos. Se em cenários incertos a perfeição contínua é impossível… Qual é o máximo de perfeição que podemos alcançar?
A perfeição, em startups, é aprender com o primeiro erro.
Erraremos. E, quando acontecer, que sejamos perfeitos na compreensão do aprendizado vindo do primeiro erro. E que nunca mais cometamos o mesmo erro.
Falhe miseravelmente, erga a cabeça, aprenda com o primeiro erro e, a partir de agora, acerte para sempre.
2. Menos é mais.
Este é um dos principais conceitos da Bauhaus, escola de design alemã que aproveitou os preceitos da Revolução Industrial, da objetividade, do construtivismo e da Gestalt para criar um novo conceito de estética visual e esclarecimento mental. No processo de desenvolvimento de novas mídias e soluções tecnológicas, “a elegância pela economia de formas, o enfoque funcional e a redução de custos de produção” dita a regra geral na qual a nossa realidade vem sendo transformada com produtos cada vez mais simples (não simplórios) e funcionais.
A Bauhaus teve como aluno expoente Dieter Rams, o principal designer da Braun, a principal influência do diretor de design da Apple, Jon Ive. Neste exemplo, fica claro a influência que a Bauhaus tem inclusive em mercados que, na sua fundação em 1919, nem existiam.
A industrialização e a produção de bens de consumo em larga escala se intensificou através de processos mínimos, essenciais e repetíveis. Frederick Taylor, através de sua “Administração Científica” na virada do século XX, estabeleceu parâmetros que se intersectam com o “menos é mais” da Bauhaus. A maior parte das indústrias ocidentais que se destacaram ao longo do século XX aplicaram estes conceitos. E inclusive indústrias orientais, como a japonesa Toyota, criaram métodos complementares como o Kaizen (que é referência em startups) que seguem na mesma linha do “menos é mais”.
3. Tudo deve ser documentado.
Uma das frases mais famosas do filósofo George Santayana diz: “Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repetí-lo”. Também o intelectual alemão Karl Marx ressaltava que a história pode se repetir em forma de farsa ou até mesmo de tragédia.
O passado precisa ser lembrado para que o futuro seja brilhante. Não devemos repetir o passado mas repetirmos as lembranças para, a partir de então, aplicarmo-nos no nosso presente construindo um futuro melhor.
O passado pode ser lembrado a partir da nossa memória mas, como ela simplesmente falha, não podemos contar com nossa condição humana no alcance de resultados empresariais. Precisamos, sim, contar com uma documentação clara e efetiva. Assim, ao consultarmo(-nos) sempre lembraremos de todos os mínimos detalhes para repassarmos para os demais e, também, estes poderão entender o passado com o máximo de clareza apenas consultando nossos documentos.
Assim, ou documentaremos o passado ou os mesmos erros serão cometidos para sempre sem lembrarmo-nos deste lastimável círculo vicioso.
4. Tudo que leva menos de 10 minutos deve ser feito agora.
No turbulento dia-a-dia em que vivemos temos inúmeras tarefas listadas para realizarmos e, ao mesmo tempo, novas e inesperadas tarefas chegam à nossa mesa para solucionarmo-nas imediatamente. Neste momento de surpresa perguntamo-nos: “Será que eu executo esta nova tarefa agora mesmo ou adiciono-a na lista das demais?”
Temos duas possibilidades: se levar menos de 10 minutos, execute-a agora (ou, no pior dos cenários, ainda no mesmo dia). Se levar mais tempo, encaixe-a na lista. Por que? Tudo que é pequeno deve ser resolvido rapidamente para não gerar um gargalo operacional das atividades alheias. Às vezes, o que é rápido para você fazer e, aparentemente, não é tão importante pode ser fundamental para quem pediu sua ajuda.
5. Todas as reuniões devem ter pauta e horário de término.
É famosa a pontualidade britânica e o mundo inteiro vem se tornando cada vez mais assertivo. Ainda assim, no Brasil, é difícil e, às vezes, severo demais exigir pontualidade no início das reuniões. Contudo, precisão na outra ponta é possível: horário de término. E, para isso, o segredo é ter sempre uma pauta definida.
Quem nunca ficou duas horas em reunião sendo que a última hora serviu para pouca coisa? O erro não foi fugir do assunto principal; o erro foi ninguém ter definido uma pauta.
Uma pauta enviada para todas as partes antes da reunião e esclarecida no início da mesma ajudará imensamente a manter o foco no essencial. Não se perderá tempo com frivolidades e esta assertividade somará para o foco da empresa como um todo fortalecendo uma cultura organizacional de resultados.
6. A responsabilidade pelos erros é sempre do líder.
Estruturas patriarcais piramidais tendem a isolar o alto clero dos problemas responsabilizando-os apenas pelas conquistas. Na esfera administrativa, isto é um absurdo completo no âmbito tanto individual quanto de produtividade coletiva porque, a longo prazo, a equipe desmotiva-se e a energia que outrora existia dificilmente retornará.
Ao mesmo tempo, estruturas horizontais tendem a não ter um cabeça e isto também é um engano. É essencial termos alguém para administrar as informações, conflitos, dificuldades, imprevistos e erros da unidade.
Além disso, a produtividade de um colaborador sempre é uma combinação de três fatores: contexto, competência e liderança. O contexto é a empresa, as competências estão sendo desenvolvidas e a liderança precisa ser forte e consolidada.
Assim, o erro nem sempre é do líder mas, por motivos práticos, a responsabilidade precisa sempre ser do mesmo.
7. Tudo deve ser feito com base em referências.
Só sabemos que nada sabemos. Como estamos lidando sempre com inovação e criatividade é essencial tratarmos os avanços dos projetos com base em empreitadas de sucesso. Propor algo que surgiu puramente da sua imaginação é uma irresponsabilidade que pode gerar retrabalho e perda de recursos. Assim, é essencial sempre, absolutamente sempre, apresentar novas soluções e ideias com base em cases de sucesso. Desta maneira, sempre estaremos em um nível de qualidade máximo de empresa, equipe e soluções.
Não é menosprezar a inteligência imaginativa mas reforçar a inteligência estratégica.
8. Thinking Environment.
Esta é uma metodologia que permite a criação de um ambiente de apreço e respeito entre pessoas para geração de novas ideias, remoção de bloqueios de pensamento, indagação de novas possibilidades, tomadas de decisão mais claras e, certamente, muito mais.
Segue abaixo a lista dos 10 componentes de um Thinking Environment:
- Atenção
- Igualdade
- Tranquilidade
- Apreciação
- Encorajamento
- Sentimentos
- Informação
- Diversidade
- Perguntas incisivas
- Local
9. Executar apenas tarefas que geram valor.
As únicas tarefas que devem ser realizadas são aquelas que geram valor. Manutenção não gera valor e deve ser sempre evitada. Muitas vezes, a manutenção não gera vendas e, para focarmos nestas atividades, precisamos de contratação de mais pessoas e, para isso, precisamos de mais capital que vem da vendas de produtos e serviços que geram valor.
E este é um círculo vicioso que geralmente acaba quando a startup entra em fase de escala.
10. Estratégia das Mittelstand.
As médias empresas alemãs, denominadas Mittelstand, são globalmente reconhecidas pela sua inovação em processos, produtos e serviços. Estas empresas florescem e alcançam altíssima performance em inovação apesar de seus limitados recursos humanos e financeiros.
Segue abaixo a lista das principais características que devem ser seguidas para maximizar os resultados de uma startup:
- Foco em nicho
- Colaboração do consumidor
- Estratégia de Globalização
- Preferência pelo autofinanciamento
- Mentalidade de longo prazo
- Relações superiores de empregado
- Integridade da comunidade
Referência: Innovation with Limited Resources: Management Lessons from the German Mittelstand
Esse é um guia que foi usado como referência no desenvolvimento do Cora (sistema de gestão para coworkings e suas comunidades).
Espero que tenha gostado e estou aberto para dúvidas e opiniões.