Jornada de inovação da Bosch: do intraempreendedorismo ao Open Innovation
Artigo atualizado em 30 de julho de 2020
Grandes corporações precisam sempre estar atentas às mudanças pelas quais o setor em que atuam passa. Isto se torna ainda mais relevante ao analisar o contexto atual no qual temos novos modelos de negócios, inovações disruptivas, um mercado volátil e em constante mudança. Pense em um empreendimento nascido em 1886, ainda no século XIX, e imagine todas as expansões e adaptações que foram necessárias implementar na estratégia de negócio ao longo dos anos com o intuito de construir uma trajetória de sucesso. Afinal, os hábitos de consumo, as formas de trocar informação, de analisar e até de desenvolver tecnologia mudaram drasticamente nos últimos séculos. Com mais de 130 anos, a multinacional alemã Bosch é uma empresa que atravessou os séculos, conseguindo renovar-se e expandir-se.
A companhia passou por diversos momentos de transformação, seja internamente ou mesmo no contexto externo e mercadológico, até se tornar uma líder mundial no fornecimento de tecnologia e serviços, atuando em diversas frentes como soluções para Mobilidade, Tecnologia Industrial, Bens de Consumo, Energia e Tecnologia Predial.
Essa aptidão para se transformar não é exclusiva da Bosch. Diversas empresas multinacionais, que hoje são conhecidas em todo o mundo e que têm forte presença no Brasil, nasceram em outros países e são responsáveis por empregar milhares de colaboradores ajudando no desenvolvimento econômico das nações graças a visão de futuro.
Nos últimos tempos, entretanto, a busca pela inovação também a mudança no mindset dos colaboradores além de uma postura mais aberta à formação de parcerias. Dentro de sua cultura inovadora, a Bosch criou um importante ecossistema de inovação internacional chamado de Connectory, que possui diversos espaços espalhados pelo mundo, em cidades como Chicago, Guadalajara, Stuttgart, Londres e Xangai. E, em 2019, protagonizou o lançamento do primeiro hub da América do Sul, o Curitiba Connectory, criado em parceria com o Distrito.
Para entender mais sobre as iniciativas de inovação da empresa, o Distrito conversou com Nara Haberland e Fernando Matsunaga, dois dos responsáveis no Brasil pelas ações de inovação aberta, tanto na unidade da Bosch, em Curitiba, quanto na idealização do Curitiba Connectory.
Desafio
A transformação da Bosch Curitiba teve seu início em 2016, quando a empresa percebeu a necessidade de se renovar para lidar com o desafio de criar um futuro sustentável na região devido, especialmente, da crise econômica.
“O mercado automotivo, especialmente o segmento de veículos comerciais, sofreu diversas mudanças ao longo do tempo, que são cada vez mais impactantes. É um mercado que, historicamente, sempre conseguiu prever as transformações e ter uma visão relativamente clara da demanda do mercado para os próximos cinco anos. Mas o crescimento da eletrificação e outras formas de mobilidade fizeram com que a empresa sentisse a necessidade de se reinventar”, comentam Nara e Fernando.
É exatamente isso que a empresa está fazendo: promovendo a transformação para assegurar uma mobilidade sustentável e segura. Como contam os dois, o objetivo ao investir em diversas iniciativas de inovação foi tanto na geração de novos negócios quanto no intuito de aprimorar os processos internos.
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Estratégia
A inovação faz parte do DNA da Bosch desde a sua criação e permeia toda a organização, em diferentes níveis e localidades. A estratégia utilizada pela Bosch Curitiba foi a de aprendizado contínuo, por meio de diversas iniciativas estratégicas, que foram evoluindo até ganharem maturidade e força na organização.
Confira, abaixo, algumas das ações que foram e estão sendo implementadas para garantir que a empresa continue esse movimento de transformação.
Intraempreendedorismo
Como afirmam Fernando e Nara, para impulsionar a criação de novos negócios foi essencial a participação de times internos multifuncionais com o propósito de fomentar a atitude empreendera e o protagonismo dos colaboradores da Bosch em Curitiba. O time começou com três pessoas dedicadas e hoje já conta com mais de 30 colaboradores envolvidos em iniciativas de inovação, incluindo bolsistas do Inova Talentos e da Fundação Araucária e colaboradores de diversas áreas que integram os projetos conforme demanda.
Para ganhar agilidade e mais autonomia, a Bosch desenvolveu as “intrastartups”, que são times autônomos que nascem dentro da empresa para criar e testar soluções, produtos ou serviços que atendam uma dor do mercado ou até mesmo de algum processo interno.
“Temos diversas iniciativas em diferentes níveis e etapas. Há aquelas que estão em processo de validação, outras em momento preliminar de análise de mercado. Há, por exemplo, uma solução inovadora para o mercado de veículos comerciais que teve seu desenvolvimento concluído em Curitiba e já adquiriu clientes, inclusive para exportação. Esta inovação irá gerar faturamento significativo nos próximos anos contribuindo para o desenvolvimento do negócio na região. Isso só foi possível graças a cultura de inovação e do protagonismo dos times envolvidos nos projetos. ”, comentam.
Inovação Aberta
Depois da estruturação das iniciativas internas e fomentar o intraempreendedorismo, a Bosch de Curitiba sentiu a necessidade de ser mais ágil e aprender com outras empresas e parceiros. Foi nesse momento que identificou que seria importante intensificar as parcerias com outras companhias, universidades, startups e demais agentes do ecossistema, reunindo-se e compartilhando iniciativas e experiências.
“Percebemos que de fato temos muita gente boa para fazer acontecer, mas entendemos que o timing para levar isso para o mercado precisa ser mais ágil. Por isso, vimos grande potencial na colaboração com outras empresas e parceiros. A Inovação Aberta é uma alternativa para trazer mais diversidade e agilidade nesse processo”, comentam Fernando e Nara.
Parceria com um hub de inovação, o Distrito Spark CWB
Desde o início, a Bosch Curitiba apoiou a criação do Distrito Spark CWB e foi responsável por se tornar um dos principais mantenedores do espaço, que nasceu para ser um polo e fomentar o ecossistema de inovação da região por meio da conexão com startups e com grandes empresas.
“Com o Distrito, a nossa parceria sempre foi para ir além daquilo que os braços da Bosch alcançavam em termos de ecossistema e relacionamento com outras empresas. Sempre vimos no Distrito algo além de um espaço físico, justamente essa conexão e desenvolvimento de inovação em conjunto”, complementam.
Curitiba Connectory
Localizado dentro do Distrito Spark CWB, o Curitiba Connectory é um espaço de inovação da Bosch que tem como foco as áreas de Internet das Coisas (IoT), Indústria 4.0, Inteligência Artificial, Mobilidade no Agronegócio e Transformação Digital. A ideia da multinacional alemã é promover conexões e parcerias que acelerem a inovação e gerem impacto na construção de soluções inovadoras entre startups, empresas, universidades e comunidades.
“O Connectory é a tangibilização desse canal de inovação aberta que nos dá a oportunidade de se conectar e fomentar um ecossistema. Sabemos que, se queremos fazer parte de um ecossistema maduro, que consiga soluções para nossa empresa, temos que desenvolver isso em conjunto. Dessa forma, o espaço é um meio de contribuir para a construção desse ambiente e ecossistema”, refletem.
Solução
Ao observar as estratégias utilizadas pela Bosch, percebe-se o quanto a empresa busca constantemente investir em diversas iniciativas que se complementam e fazem parte de um fomento de uma cultura e estratégia de inovação.
O fato de a companhia trabalhar com iniciativas globais como o Connectory, com diversos espaços espalhados pelo mundo, demonstra a abertura da empresa e valorização em sua cultura organizacional da conexão com startups e parceiros, dentre outros players.
Essa abordagem tem contribuído para o desenvolvimento de novos negócios, para aprimorar a excelência operacional, além de alavancar novas competências e contribuir para a transformação digital do Grupo Bosch no Brasil.