Internacionalização dos investimentos de Venture Capital será acelerada com avanço da regulação cambial
Artigo atualizado em 24 de março de 2022
Artigo escrito por Luiz Henrique Didier Jr. – CEO do Bexs Banco
Para compreender a relevância que o ecossistema de inovação brasileiro alcançou nos últimos anos, vale registrar que o país atingiu a marca de 22 unicórnios. O Brasil é líder na América Latina, que também apresenta muito potencial: até o início de 2017 a região detinha apenas 2 unicórnios e atualmente se aproxima de 40 empresas de tecnologia com avaliação acima de US$ 1 bilhão. Em 2022, só no Brasil, a lista de candidatos conta com 16 empresas tech que podem se juntar ao “clube” dos unicórnios.
Por trás dessas dezenas de histórias de muito sucesso encontramos mais de 14 mil startups só no Brasil. É nesse grande celeiro de ideias e de empreendedores que investidores vão analisar os projetos com maior potencial.
O amadurecimento do ecossistema resulta em um volume de investimentos crescente numa indústria de venture capital que floresce, passando a incluir ícones globais do setor. Em 2021, os aportes de late stage representaram um terço dos deals e explicam o volume recorde de aportes: US$ 9,4 bilhões (+ 166% vs. 2020). Nos primeiros dois meses de 2022, o crescimento foi de 35 % versus o 1º bimestre de 2021, somando US$ 1,36 bilhão.
A robustez e internacionalização desse mercado ficam evidentes além da análise do volume em si, nas principais transações envolvendo Nubank, Loft e QuintoAndar, encontramos investidores de estatura global como Berkshire Hathaway, General Catalyst, Tiger Global Management, SoftBank, Sequoia Capital, Ribbit Capital etc. Em 2022, a tendência continua, pois, só no mês de fevereiro, foi a vez do banco espanhol BBVA aportar US$ 300 milhões no Banco Neon.
Os mais de 212 milhões de brasileiros, em grande parte, aderem a serviços digitais com facilidade (mais de 80% têm acesso à internet). Como bem sabemos, temos muitos problemas de qualidade e acesso a serviços financeiros, saúde, educação etc. Uma grande população carente por melhores serviços é um “prato cheio” para empreendedores. Por essa razão, num país com 40 milhões de desbancarizados e concentração alta em poucos players do mercado financeiro, não é de se estranhar que as fintechs liderem o volume de aportes. Neste 1º bimestre elas representaram 65% dos aportes recebidos, US$ 887 bilhões.
Do ponto de vista macroeconômico também temos boas notícias em termos de investimentos estrangeiros diretos. Os investimentos diretos somaram US$ 46,4 bilhões em 2021, 23% acima dos US$ 37,8 bilhões de 2020. A expectativa para 2022 é de expansão, seriam US$ 59 bilhões (Relatório Focus 03/2022), ou seja, 27% acima da marca de 2021.
Avanços na regulação cambial podem impulsionar novos investimentos
Para o Bexs, os próximos anos, esse cenário pode evoluir muito. Quando falamos de transações internacionais inevitavelmente vamos encontrar o processo de câmbio.
Especificamente em 2021, algumas normas infralegais do Banco Central do Brasil foram modificadas, mas a expectativa é que muitas mais sejam realizadas em 2022, pois nos últimos dias de 2021 foi publicada a lei, conhecida como o novo marco legal de câmbio, que revogou normas que eram do século passado e ainda estavam vigentes, bem como ampliou diversas possibilidades, tais como outras instituições, que não apenas os bancos, poderem operar em câmbio, bem como uma possível simplificação dos processos de realização de operações de câmbio. Destaca-se que essas novas possibilidades somente entrarão em vigor no final de 2022 e dependem ainda de regulamentação pelo Banco Central.
“Nós do Bexs estamos confiantes no avanço da regulação, por isso aguardamos que nos próximos meses novos normativos surjam ou a autarquia chame a sociedade e os players do mercado para discutir ideias por meio de consultas públicas. Tais modificações certamente serão destinadas a modernizar o mercado de câmbio para tornar as normas mais simples e com isso trazer mais segurança jurídica para todos os participantes”, comenta Luiz Henrique Didier Junior, CEO do Bexs Banco.
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