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Como ser uma startup inclusiva durante a crise?

Como ser uma startup inclusiva durante a crise?

22 de maio de 2020
4 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 22 de maio de 2020

Trabalhar em uma startup é o sonho de muita gente, principalmente devido ao dinamismo e à possibilidade de crescimento rápido que fazem parte do modelo. Mas como uma startup pode ser mais inclusiva e garantir a diversidade, mesmo em momentos de crise?

Para falar sobre isso, convidamos Arthur Guedes, comunicólogo e doutorando em comunicação. Guedes já passou pela Rock Content, pela Neil Patel, pela Take e, atualmente, trabalha com comunidade na Hotmart. Confira o que ele tem a dizer sobre o assunto!

Qual a diferença entre diversidade e inclusão?

Para explicar a diferença entre diversidade e inclusão, Guedes recorre a uma analogia, dizendo que diversidade é como convidar para a festa, enquanto inclusão é chamar para dançar. 

Traduzindo para o universo empresarial, diversidade é conseguir colocar a pessoa para dentro, enquanto inclusão é garantir que ela tenha condição de ficar. Isso quer dizer que ela precisa poder ser quem verdadeiramente é, que não sinta nenhuma diferença de tratamento ou de oportunidade, ou seja, garantir que se sinta à vontade para poder se desenvolver.

A empatia e a capacidade de lidar com a alteridade são algumas das principais habilidades dos profissionais do futuro. “Eu vejo isso nos processos de seleção das startups, que avaliam como o candidato lida com o diferente, com opiniões contrárias às dele”, explica Guedes. Nesse contexto, conseguir conviver com essa diferença é fundamental para trabalhar a inclusão.

Como promover a inclusão nas startups?

Guedes conta que, enquanto trabalhava em uma startup de Belo Horizonte, começou a notar que alguns termos apareciam de forma muito recorrente nos textos. A partir disso, surgiu a ideia de criar um manual de comunicação responsável. “A gente nunca pode partir do princípio de que as pessoas fazem isso por maldade. Pode ser simplesmente por falta de conhecimento”, explica.

Para ajudar a resolver o problema, elaboraram um e-book com termos que são considerados ofensivos, racistas etc. “Durante a produção do e-book, as pessoas foram trazendo outros termos que a gente não tinha nem ideia de que fosse negativo”, conta.

Guedes destaca que isso é, na verdade, um investimento, na medida em que melhora o relacionamento entre as pessoas. “A maneira como você se refere a outra pessoa faz toda a diferença na abertura que ela vai dar para você. Esse cuidado não faz mal a ninguém”, explica.

É preciso ter consciência de que não estamos sempre certos, especialmente porque vivemos realidades diferentes. Isso fortalece os diálogos. “Uma das coisas que mais puxam para perto é quando alguém se sente ouvido, validado”, afirma Guedes, lembrando das experiências que acumula trabalhando com comunidades.

Em momentos de crise, esse cuidado com a comunicação é ainda mais importante, já que as oportunidades estão mais restritas e as pessoas, mais temerosas. Uma pesquisa do LinkedIn, por exemplo, mostra que as mulheres estão 20% menos propensas a se candidatar a uma vaga de emprego do que os homens.

Nos casos de áreas que ainda são majoritariamente dominadas por homens, como TI, esse cuidado com a linguagem ajuda a promover das mulheres. “Em português, dizemos ‘programador’, mas podemos adotar uma linguagem neutra de gênero falando ‘pessoa que programa’. É uma maneira não só de não afastar as mulheres, mas de quebrar essa barreira e de trazê-las mais para perto”, finaliza Guedes.

Assim, vimos que, para serem mais inclusivas, as startups precisam pensar na questão por todos os ângulos e isso passa pelo cuidado com a linguagem.