Os desafios na transformação digital da Marisa
Artigo atualizado em 23 de julho de 2021
Os desafios de fazer uma transformação digital em uma grande empresa são vários, mas a inovação aberta pode ser o caminho para acelerá-la.
Essa tem sido a aposta da Marisa, rede de varejo de moda criada há mais de 70 anos e que atualmente conta com 344 lojas em todos os estados brasileiros. Além disso, para complementar a oferta do varejo, hoje a marca oferece também produtos e serviços financeiros, seguros e empréstimo pessoal.
Mais recentemente, a Marisa tem acelerado algumas iniciativas de inovação, como a implementação do omnichannel e o relançamento do aplicativo — atualmente responsável por 42% das vendas digitais. Essa transformação digital, porém, traz alguns desafios, como fazer entregas rápidas, encantar as clientes tanto nos canais digitais quanto físicos e melhorar a eficiência operacional.
Com a ambição de criar a plataforma da mulher brasileira a partir de uma série de ativos digitais, colocando a cliente no centro — estratégia que faz parte do conceito de New Retail, ou novo varejo — a rede foi buscar ajuda em parcerias com negócios como o Distrito, que promove a conexão com o ecossistema de startups.
Continue a leitura para saber mais sobre os desafios que a Marisa tem enfrentado na sua transformação digital e como a inovação aberta vem ajudando a superá-los.
Parceria com o Distrito
Por ser uma empresa com alguns desafios de transformação internos, a Marisa precisava de um parceiro para impulsionar as mudanças necessárias, desde a transformação cultural e digital internas, até a aproximação com o ecossistema. Foi a partir disso que surgiu a parceria com o Distrito, que permite que a empresa se aproxime de startups inovadoras por meio da inovação aberta.
A ideia é estar em contato permanente com a filosofia de negócios jovens e inovadores, para implantar projetos que vão explorar ainda mais as iniciativas omnichannel da empresa, transformando a experiência das consumidoras em todos os canais. As fashiontechs, categoria de startups voltadas a criar tecnologias para a área da moda, são especialmente interessantes para a Marisa.
O VP de tecnologia e digital da Marisa, Rodrigo Poço, entrou na empresa há mais de 3 anos para cuidar do projeto de omnichannel no ecommerce e fazer com que os canais digitais cresçam de maneira sustentável. Ele conta que o engajamento do time com a parceria está sendo grande. “Temos algumas áreas que já estão levando em consideração a inovação aberta, quando precisam resolver algum problema ou desafio”, conta.
Uma das iniciativas de que a empresa participou foi o Female Scale, programa de aceleração voltado para startups fundadas ou cofundadas por empreendedoras. De acordo com Rodrigo Poço, o projeto é ligado ao propósito da Marisa de fortalecer a autoestima das mulheres.
Essa parceria reforça o pioneirismo da Marisa em inovar no meio digital. A empresa foi uma das primeiras empresas do setor a apostar no ecommerce, há 20 anos.
Entrevista com Rodrigo Poço
1. Não é tão simples associar a solução de uma startup aos desafios da empresa. Quais são os desafios de governança que a Marisa já encontrou ao integrar a solução de uma startup?
No último ano, evoluímos bastante nessa visão. Um dos pontos foi acertar as questões de integração. Na lógica de plataforma que queremos construir, se você não cria uma lógica de integração simples, se torna quase inviável você conseguir operar.
Nós fizemos isso com objetivo de simplificar o que já tínhamos e mudar a postura do time de tecnologia frente aos problemas. Hoje temos o barramento de serviços, o nosso app roda inteiramente em cima de APIs para poder plugar soluções de forma rápida.
Outro ponto são as questões de segurança. Considerando o momento e o porte da nossa empresa, é algo que temos que tomar um grande cuidado, mas nada que engesse o processo. Temos a preocupação sobre como o dado é armazenado, trafegado, etc.
2. Qual é o principal desafio em relação à integração de dados para uma visão 360º do cliente?
Nosso negócio tem muitos pontos de contato com a nossa cliente, tanto digitais quanto físicos. O principal desafio, que estamos dando foco nos últimos meses, é organizar as informações. Ter uma base única para podermos utilizá-los e termos insights a partir deles.
Outra questão é conseguir garantir a governança na captação desses dados. Do ponto de vista tecnológico, isso é o mais simples. Hoje, o desafio é menos sobre a tecnologia e mais sobre o que fazer com esse mundo de dados e deixar cada vez mais rica essa análise.
Outro desafio é ter dados espalhados nas áreas. Com BI diferentes em várias áreas, muitos números que não conversam. Podem ser os mesmos dados, com análises diferentes. Parece uma coisa trivial, mas se não tiver um cuidado com isso, você fica metade das reuniões tentando entender porque os dados não batem.
3. O que a Marisa tem feito para aumentar a produtividade interna e aperfeiçoar processos?
Nós fizemos uma grande revisão das oportunidades que tínhamos. Não adianta ficar pensando em automatização, se você não revisar processos. Então começamos por essas revisões e em várias frente vimos oportunidades de colocar bots e automatizar.
Elencamos 40 iniciativas e ordenamos por potenciais ganhos, passando por logística, SAC, área financeira, RH e operações das lojas físicas. Esse processo está sempre se mexendo e evoluindo com a empresa. Montamos uma área interna chamada Centro de Excelência, que vai ficar constantemente monitorando isso.