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O que fazer para desenvolver o ecossistema de inovação de São Paulo?

O que fazer para desenvolver o ecossistema de inovação de São Paulo?

4 de maio de 2020
6 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 4 de maio de 2020

Este conteúdo faz parte do Distrito São Paulo Report e apresenta entrevista exclusiva com Franklin Ribeiro, head de ecossistema de startups da InvestSP

A InvestSP é uma organização social ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico por meio de contrato de gestão. A agência tem como missão desenvolver o Estado de São Paulo por meio da promoção de investimentos, aumento das exportações, incentivo à inovação e melhoria do ambiente de negócios.

O distrito conversou com Franklin Ribeiro, head de ecossistema de startups da InvestSP, para entender um pouco mais sobre a atuação a instituição no ecossistema de inovação paulista e descobrir como é a relação da organização com as startups do estado de São Paulo.

Entrevista completa com Franklin Ribeiro da InvestSP

Como a InvestSP funciona?

A InvestSP é uma organização social, sem fins lucrativos que tem um contrato de gestão com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Fomos criados em 2010 com o objetivo de ajudar o setor público a atrair investimentos no Estado de São Paulo. Trabalhamos com fábricas, indústrias, setor automotivo, tecnológico, saúde, entre outros. Nós prestamos consultoria gratuita para ajudar esses possíveis investidores.

Ao longo do tempo, fomos incorporando mais ações, como apoio ao pequeno e médio exportador e ao desenvolvimento de ecossistemas de inovação e startups.

Como é a conexão que vocês têm com as startups?

Em 2016, organizamos um evento que colocava à disposição do empreendedor 40 organizações do ecossistema, entre aceleradoras, investidores, setor público e empresas, um espaço para o empreendedor se conectar e conhecer diversos players. A gente vêm fazendo esse evento todos anos e incorporando outras relações com as startups. Fizemos um mapa, chamado Mapa SP Conecta, que mapeia diversas organizações voltadas ao tema no estado. 

Criamos o SP Conecta Cidades, que são encontros que fazemos fora da capital, com o objetivo de desenvolver os ecossistemas locais. Começamos neste ano  o SP Conecta Empresas, que são rodadas de negócio entre startups e grandes corporações. 

Como está a relação do estado com as startups?

Eu vejo que o setor público está se sensibilizando e oferecendo cada vez mais apoio às startups, mas eu reconheço que falta muita coisa. Cada organização do setor público, vai se adaptando aos poucos, de acordo com as oportunidades que ela encontra. No caso da InvestSP, nós fomos oferecendo produtos e serviços novos de acordo com a demanda que foi aparecendo. 

Como você enxerga o ecossistema do estado de São Paulo?

Existem diversas realidades no Estado de São Paulo, ecossistema inexistentes, emergentes, até a cidade que é a mais desenvolvida por isso a InvestSP está fazendo um trabalho de desenvolvimento de ecossistema em diversas cidades, E mesmo na cidade de São Paulo, ainda falta fazer muita coisa, como a aproximação com o mercado externo, internacionalização de startups e intercâmbio entre empreendedores. É necessário facilitar os mecanismos de imigração para a atração de talentos globais,precisamos de mais eventos globais acontecendo no estado, de mais pessoas tendo aulas de programação, se formando nas cadeiras de exatas. Precisamos facilitar e ampliar a participação das corporações no ecossistema, desenvolver o interior de estado, promover a diversidade nas equipes empreendedoras, facilitar o investimento anjo. É muita muito trabalho que ainda precisa ser feito.

Como que se desenvolve um ecossistema?

Existem boas práticas que ajudam todos os agentes do ecossistema a se desenvolverem ,e além disso, tudo parte de uma motivação extra racional dos agentes. É necessário que todos entendam que o desenvolvimento do ecossistema impacta positivamente o desenvolvimento econômico  da região como um todo. É necessário o engajamento individual de cada um, e também entender que essa não é uma ação que terá retorno no curto prazo. Investidores, empreendedores, sociedade civil, setor público, todos devem se unir para facilitar a vida do empreendedor. nessa realidade atual, estamos juntando forças com outros parceiros para eventos e mentorias online .

Como você sentiu o amadurecimento das startups e dos empreendedores, do começo da sua carreira para agora?

É visível, por exemplo, quando estava fazendo mentorias pelo Inovativa, todo ano eu percebia uma maturidade maior por parte das startups, do nível de profissionalismo e de entendimento dos empreendedores. Quando avaliamos startups para investimento-anjo, vemos que o nível de preparo para receber está melhorando constantemente. Os empreendedores estão tendo mais acesso a informações, muitos estão tendo a oportunidade de empreender pela segunda vez. O ecossistema no estado evoluiu muito, os eventos ocorrem com muito mais frequência, tudo isso contribui também para a cultura empreendedora se disseminar. 

Você acha que o capital para o investimento em startups está consolidado na cidade de São Paulo?

Apesar de existirem algumas iniciativas em cidades menores, a maior parte de investidores e fundos de Venture Capital estão na capital. No entanto, os primeiros passos podem ser feitos, mesmo com empreendedor estando nas cidades menores, se conectando com grupos locais e buscando alternativas online. Existe espaço para mais investidores-anjo fora da capital, temos visto a disposição de empresários e executivos, mas o movimento ainda é restrito. Na cidade de São Paulo surgiram várias opções de investimento-anjo recentemente, ainda falta uma conexão mais próxima dos empreendedores com os grupos. 

Você sente que o Covid-19 está sendo, de alguma forma, um período de oportunidade para as startups?

Acredito que o ambiente de negócios retomará com bastante apetite, após essa crise. O ecossistema vai sair fortalecido, mesmo passando por tantas dificuldades, o aprendizado é enorme para criar e adaptar os negócios de forma rápida. Naturalmente muitas startups vão aprender da forma mais dura, e outras já estão conseguindo encontrar novos nichos. Eu vejo com segurança a retomada do ecossistema, com instrumentos mais favoráveis ao empreendedor.  Espero que o senso de urgência ajude a aprovar um ambiente regulatório mais favorável ao capital de risco, isso pode ser outra oportunidade a ser aproveitada.

Você vê  um estreitamento de relação entre startups e corporações?

Esse é um movimento que já vinha ocorrendo. Em 2016 escrevi um artigo para o mestrado, onde estudei a relação de grandes empresas com startups, e naquela época tinham poucas iniciativas e aprendizado por parte das corporações. Desde então, o conhecimento foi se disseminando, existem programas de apoio sobre essa relação, as corporações se envolveram mais com exemplos nos ecossistemas mais maduros, e apareceram também mais pesquisas acadêmicas e papers sobre as melhores práticas. Ainda existe um desafio grande de levar isso para as médias e pequenas empresas.