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O que 7 CEOs de fintechs têm a dizer sobre o setor financeiro

O que 7 CEOs de fintechs têm a dizer sobre o setor financeiro

13 de maio de 2021
22 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 13 de maio de 2021

Não é de hoje que o Brasil tem papel de destaque no setor financeiro internacionalmente e, principalmente, na América Latina. As fintechs brasileiras foram as que mais receberam investimento nos últimos 9 anos – superando a marca de $4 bilhões – e 2021 caminha para bater o recorde de aportes (de 2020) nesses negócios inovadores, com mais de US$ 700 milhões investidos.

Para entender esse alto potencial do setor financeiro, o Distrito conversou com 7 CEOs de fintechs brasileiras com alto potencial de crescimento – as entrevistas fazem parte do estudo Distrito Fintech Report 2021.

Esses executivos responderam 5 perguntas, que são:

  1. Enquanto empreendedor e líder, que lição você tira da pandemia?
  2. Que conselho você daria para alguém fundando uma fintech no Brasil hoje?
  3. Em sua opinião, qual a tendência subestimada no ecossistema fintech hoje?
  4. Sobre a frase “no futuro, toda empresa será uma fintech”, o que você acha a respeito?
  5. Qual o papel da inclusão financeira para a expansão do ecossistema fintech no país?

Quem são os 7 CEOs das fintechs brasileiras que entrevistamos

Antônio Brito, CEO da Supersim

Antônio Brito, CEO da Supersim

A SuperSim, fintech de microcrédito 100% online com foco nas classes C e D, tem se destacado nos últimos anos ao ser uma opção de empréstimo pessoal online para o povo brasileiro.

Em 2020, a fintech levantou  R$ 30 milhões em operação de securitização para financiar o crescimento da sua carteira de empréstimos, tendo a Navi como principal investidora.

Além disso, entre os investidores da SuperSim estão Al Goldstein, criador de duas fintechs de crédito de grande porte dos EUA – a Enova e a Avant –, Bruno Balduccini, advogado do escritório Pinheiro Neto e apoiador de startups no Brasil, e o Distrito.

Daniel Calonge, CEO da Monetus

Daniel Calonge, CEO da Monetus

O mineiro Daniel Calonge começou a investir em 2009 até que resolveu se tornar gestor de investimentos, afastando-se de sua graduação em Veterinária. Foi um caminho sem volta: ao se apaixonar por esse mercado, nasceu a Monetus em 2016 – com objetivo de ser uma opção de investimentos para todos aqueles que buscam melhores retornos.

No ano seguinte a startup recebia aporte do Distrito e se preparava para crescimento acelerado. Posteriormente, foi acelerada pela  Village Capital, gestora americana que investe em companhias em estágio inicial.

Eduardo del Giglio, CEO da Caju

Eduardo del Giglio, CEO da Caju

Formado em economia, Eduardo del Giglio passou pela McKinsey e fundou uma startup B2C antes de criar a Caju. A fintech é uma plataforma de benefícios “pensada para o amanhã”. É assim que a startup se identifica nas redes sociais, e já conquistou cerca de 400 empresas e 15 mil funcionários com sua proposta inovadora.

Fabio Carrara, CEO e fundador da Solfacil

Fabio Carrara, CEO e fundador da Solfacil

Nascida em 2018, a Solfácil viu sua demanda mais do que dobrar em 2020 com a pandemia. A fintech oferece financiamento com prazo de até 120 meses para a aquisição de sistemas de energia solar e é uma opção sustentável para corporações que buscam opções mais sustentáveis.

Em 2020, a startup recebeu R$ 21 milhões, em sua maioria, pela gestora Valor Capital, do ex-embaixador americano no Brasil Clifford Sobel. Investidores de uma rodada anterior, de R$ 4 milhões, feita pela companhia em 2018. O Distrito também é um dos investidores da fintech – confira entrevista completa com Fabio Carrara.

João Miranda, CEO e fundador da Hash

João Miranda, CEO e fundador da Hash

A Hash surgiu em 2017 para facilitar a relação entre as empresas e sua cadeia de clientes através de plataforma de meios de pagamento, que possibilita às empresas prestarem serviços financeiros para comércios.

Em 2020, João Miranda foi destaque da publicação da Forbes “Under 30” que destacou o empreendedor como uma das revelações do ecossistema de fintechs. O jovem empresário começou sua carreira aos 17 anos, quando deixou o curso de Ciência da Computação na USP (Universidade de São Paulo) para integrar a equipe inicial do Pagar.me. Lá, atuou como engenheiro de software e gerente de grandes contas.

Aos 21, foi o momento de iniciar seu próprio caminho e fundou a Hash, plataforma whitelabel e plug-and-play que permite construir serviços de pagamentos com soluções financeiras personalizadas para empresas.

Lucas Moraes, CEO da Olivia

Lucas Moraes, CEO da Olivia

O empreendedor Lucas Moraes carrega uma responsabilidade grande nas costas. Membro da quarta geração da família Ermírio de Moraes, responsável pelo grupo Votorantim, mantém a veia empreendedora à frente da fintech Olivia.

A startup desenvolveu um aplicativo baseado em inteligência artificial para auxiliar os usuários a economizarem com seus gastos. Fundada em 2015, nos Estados Unidos, por ele e por Cristiano Oliveira, a companhia iniciou suas operações no Brasil em 2020.

E com o lançamento da startup veio também o aporte de no valor de R$ 25 milhões, liderada pela carteira de investimentos do banco BV, nova marca do Banco Votorantim, e  acompanhada pela MSW Capital através do fundo BR Startups.

Versione Mauro Júnior, CEO da Phi

Versione Mauro Júnior, CEO da Phi

Paranaense, formado em Administração de Empresas com MBA em Gestão Empresarial, Versione possui mais de 20 anos de experiência e nos últimos anos tem se dedicado a comandar a Phi , fintech as service, que tem o objetivo de ajudar outras empresas a migrarem ou oferecerem serviços financeiros que vão desde gateways de pagamento, contas digitais até APIs

O que esses CEOs têm a dizer sobre o setor financeiro

1- Enquanto empreendedor e líder, que lição você tira da pandemia?

Antônio Brito, CEO da Supersim

É fácil arrumar motivos para não performar, ainda mais por algo tão óbvio quanto uma pandemia. Porém, mesmo com uma mudança de dinâmica da indústria de crédito relacionada a fatores externos, o desafio ainda foi de adaptação e de execução diante de uma nova realidade de mundo. Ou seja, um desafio interno.

Foi necessário entender essa nova realidade e focar em alternativas que não somente nos mantivessem vivos mas que nos permitissem sair mais fortes da crise. Reduzimos o escopo de prioridades, custos, redesenhamos produto e operações para crescer, mantivemos a intensidade altíssima e ignoramos a tendência de pausa na concessão de crédito. Deu muito certo, crescemos mais de 20 vezes em 2020.

Daniel Calonge, CEO da Monetus

Alinhamento com o time é fundamental! No início do processo traçamos possíveis cenários e alinhamos isso com o time, que abraçou junto com a gente e assim conseguimos não desligar ninguém.

Eduardo del Giglio, CEO da Caju

Como empresa, é imprescindível estar sempre pensando à frente. Na Caju, por exemplo, acreditávamos que a restrição de lugares para se usar Vale-Refeição ou Alimentação era algo ultrapassado, e construímos um produto de acordo a essa visão. Mas não passou pela nossa cabeça que isso seria uma mudança tão repentina, e isso foi muito bom para Caju. É preciso sempre se adiantar para o que os usuários vão querer, o arroz e feijão de hoje, pode ser obsoleto amanhã.

Fabio Carrara, CEO e fundador da Solfacil

Pessoalmente, eu acredito que o empreendedorismo é o futuro do Brasil. Quanto mais pessoas empreenderem, mais temos chance de dar certo como nação. E nesse caminho, é importante ser resiliente e não ter medo de errar – o importante é errar rápido e corrigir rápido para, eventualmente, dar certo.

Em relação à pandemia, vejo que há muita oportunidade para modelos de negócios que ofereçam alternativas de economia ao consumidor, seja em curto ou longo prazo. Entendendo quem é o público-alvo e como ele quer ou pode consumir, há espaço para qualquer negócio que leve à disrupção e opções acessíveis.

Na Solfácil, por exemplo, o efeito Covid-19 acelerou a procura por linhas de financiamento: muita gente acabou se descapitalizando nos últimos seis meses para aguentar o período de crise, e o financiamento tem se tornado uma opção para viabilizar o acesso à energia solar.

João Miranda, CEO e fundador da Hash

Diante de uma situação sem precedentes, como a pandemia, poder contar com um modelo de negócio e um time robusto faz toda a diferença. No nosso caso, conseguimos resolver prontamente a uma necessidade de nossos clientes, que surgiu com a chegada da pandemia.

Com o isolamento social, as compras físicas tiveram uma redução importante. Para garantir que nossos clientes não perdessem vendas, lançamos para eles o link de pagamento, 100% online e com os mesmos benefícios que eles teriam se a venda fosse realizada via maquininha.

Além disso, com produtos financeiros próprios, viabilizados pelas nossas soluções, eles puderam  prever os meses seguintes e se planejarem. O resultado dessa resposta rápida foi bastante positivo para a Hash: crescemos dez vezes apenas no primeiro semestre de 2020.

Versione Mauro Júnior, CEO da Phi

A pandemia, entre outros vários desafios, mostrou as soluções simples que estão em nossa frente e que muitas vezes não são percebidas. A oportunidade está onde menos se espera! O trabalho remoto em escala é um grande exemplo disso.

2- Que conselho você daria para alguém que está fundando uma fintech no Brasil hoje?

Antônio Brito, CEO da Supersim

A despeito do boom de Fintechs dos últimos anos, a concentração bancária ainda é enorme e por consequência as oportunidades para novos entrantes também são. Mas não subestime a necessidade de recursos humanos e financeiros que você precisará para viabilizar e escalar sua fintech. E se pergunte sempre qual problema você irá resolver, não desperdice seu tempo em criar algo que não seja realmente relevante para o seu cliente final.

Daniel Calonge, CEO da Monetus

No Brasil, pelas altas taxas de juros históricas, quase todas as empresas grandes têm um braço financeiro forte, as varejistas, os supermercados, etc. Isso no passado foi super importante, mas acredito que será cada dia menos, porque o mercado está evoluindo rápido. Então, o principal desafio é focar em ser o melhor da sua área, e não alguém que é médio para todo mundo.

Eduardo del Giglio, CEO da Caju

O mercado financeiro viveu por anos de forma atrofiada. Isso criou empresas enormes com alta rentabilidade e que não se sentiam pressionados a investir em inovação. Baita oportunidade para começar!

Minha maior dica é criar uma solução que de fato resolva um problema. Parece simples, mas muitas vezes nos pegamos trabalhando em problemas já resolvidos. Tenha uma proposta de valor muito clara. Há diversas verticais dentro do mercado financeiro que ainda não foram encostados por tecnologia. 

Fabio Carrara, CEO e fundador da Solfacil

Foque em um nicho que você entenda bem e que tenha um mercado endereçável relevante, com faturamento acima de R$ 5 bilhões, pois, a partir daí, é possível entregar um produto/serviço diferenciado em um setor com potencial elevado. 

Como player em energia solar, por exemplo, enxergo muita oportunidade para modelos que alavancam tecnologia para melhorar a eficiência desse setor, seja em tecnologia para melhorar vendas e compras dos mais de 20 mil integradores do Brasil ou para oferecer alternativas mais viáveis para o cliente final acessar e manter os sistemas rodando pelos próximos 30 anos. 

João Miranda, CEO e fundador da Hash

Empreender é uma tarefa difícil, acho que o principal é ter uma tese sólida e acreditar no seu negócio. O setor de fintechs no Brasil tem um potencial enorme de crescimento. É preciso avaliar bem o mercado, pesquisar e entender qual a dor que o seu produto vai solucionar. Entender a necessidade dos seus potenciais clientes é fundamental.

Além disso, é importante escolher quem vai fundar o negócio contigo e buscar pessoas com valores e ideais iguais aos seus, mas com skills complementares.

Lucas Moraes, CEO da Olivia

Independente de ser uma fintech ou não, meu conselho é sempre o mesmo: tenha muita resiliência e fale constantemente com seus usuários.

Versione Mauro Júnior, CEO da Phi

Pela sua própria natureza, o mercado financeiro é muito regulado. Por isso, nas etapas iniciais da construção de uma fintech, é preciso ter cuidado para não se perder tanto em processos burocráticos. Os produtos, processos e tecnologias precisam ser meio, então concentre-se 100% na solução da dor do seu cliente, criando experiências incríveis em suas jornadas. 

3- Em sua opinião, qual a tendência subestimada no ecossistema fintech hoje?

Antônio Brito, CEO da Supersim

Acredito que há muitas Fintechs de meios de pagamento e poucas de crédito. E essa tendência tem se mantido nos últimos anos, o que não acredito que faça sentido se compararmos o tamanho da oportunidade vs concorrência em ambos os setores. Ainda mais subestimado é o crédito voltado para as classes C, D & E, que representam 80% das pessoas físicas no Brasil e tem grande adoção digital.            

Daniel Calonge, CEO da Monetus

No Brasil acaba sendo um pouco de verdade, mas acredito que isso vai mudar à medida que ficamos vários anos com taxas de juros baixas.

Eduardo del Giglio, CEO da Caju

Uma tendência subestimada é a capacidade de integração entre sistemas. Hoje ainda é raro os sistemas falarem. O novo formato de desenvolvimento de software é em ecossistemas, e isso vai cada vez ser mais fácil: tarefas repetitivas, copy and paste, baixar e subir planilhas, imputar dados manualmente vão deixar de existir para qualquer tipo de empresa através do uso de integrações nativas ou utilizando plataformas no-code. 

Fabio Carrara, CEO e fundador da Solfacil

Alguns micro-setores dentro de fintechs ainda têm menos ofertas do que o equivalente fora do Brasil, tal como a energia solar ou crédito com garantia de imóvel ou hipotecas, que já se provaram grandes e bons negócios no exterior.

Em fintechs, é importante entender que, de acordo com pesquisa da Anbima, somente 8% poupam dinheiro, o que limita a capacidade do brasileiro em produtos ou serviços que demandam grande investimento inicial. Ganha quem entender isso e oferecer alternativas acessíveis para um maior número de consumidores.

João Miranda, CEO e fundador da Hash

As pessoas tendem a separar o mercado de serviços financeiros como sendo apenas contas bancárias e crédito e, o setor de meios de pagamento, como a guerra de maquininhas e commodities. A realidade é que esses mercados caminham lado a lado e ainda há muito espaço para gerar valor e inovar nesse setor. Principalmente por meio da tecnologia e de soluções que integrem esses sistemas já existentes.

Lucas Moraes, CEO da Olivia

Na nossa visão, uma tendência subestimada no ecossistema, especialmente sobre a regulação do Open Banking, é o nível de tecnologia que será necessária para interpretar, enriquecer e gerar insights a partir dos dados que virão das APIs reguladas.

Uma frase que usamos muito é: “it ‘s the AI, not the API”. Ou seja, o acesso à infraestrutura será commodity. Após o Open Banking, será um jogo muito mais sofisticado tecnologicamente. Se na última década foi um ambiente de mudança focada em criar novas experiências digitais devido ao avanço dos smartphones, a próxima será baseada em Inteligência Artificial e Machine Learning e na capacidade de criar novos modelos de negócios, baseado em dados transacionais.

Versione Mauro Júnior, CEO da Phi

De uma maneira geral o foco está no produto e não no cliente. Experiência é algo que na maioria das vezes é deixado em segundo ou terceiro plano. Com o crescimento acelerado do volume de fintechs do Brasil, a experiência do usuário se torna cada dia mais um diferencial.

4- Sobre a frase “no futuro, toda empresa será uma fintech”, o que você acha a respeito?

Antônio Brito, CEO da Supersim

Depende de qual a definição de Fintech. Se considerarmos que um pequeno ou médio varejista tem um site ou app, dentro do seu ambiente está conectado com alguma Fintech ou Banco que irá ofertar serviços bancários e financeiros para sua base e isso faz dele uma Fintech, então sim, boa parte das empresas será uma Fintech. Mas para mim isso não faz sentido. Na minha opinião para se tornar Fintech a empresa deve desenvolver um produto de crédito, seguro, meio de pagamento, investimento ou outro produto bancário com utilização de tecnologia e aí sim vc será uma Fintech. Isso será para poucas empresas, todas as outras serão canais para outra empresa que tem de fato o produto.   

Daniel Calonge, CEO da Monetus

Pra mim essa é a base de tudo. Eu chamo de alfabetização financeira! Quanto mais as pessoas entenderem de juros compostos, tiverem acesso à crédito com taxas justas, conseguirem investir com qualidade, maior será a qualidade de vida desta pessoa. E como os grandes bancos lidam com este problema há décadas, e ainda não resolveram, acredito que as boas fintech que irão se beneficiar disso!

Eduardo del Giglio, CEO da Caju

Acho uma meia verdade. Acredito que quase todas empresas vão poder se aproveitar de produtos de fintechs para geração de receita. Uma corretora de imóveis, por exemplo, já é um correspondente bancário e também uma corretora de seguros em potencial. Isso já é a realidade de diversos negócios mas não acho que a transforma em uma fintech, e não será toda empresa que utilizará produtos como esses. Muitas empresas de fato se tornaram fintechs e isso é muito bom para o ambiente competitivo.

Fabio Carrara, CEO e fundador da Solfacil

As empresas perceberam que as margens dos bancos são altas e querem rentabilizar seu negócio através de uma operação financeira. Por termos um sistema bancário muito consolidado – são cinco bancos que controlam quase 80% do crédito no Brasil – quem encontra ou produz soluções financeiras para atender seu público-alvo, acaba tendo um braço de fintech para rentabilizar seu negócio e facilitar o acesso aos seus serviços. 

João Miranda, CEO e fundador da Hash

Nem todas serão fintechs, mas todas as empresas que quiserem, poderão contar com produtos e ferramentas para tal. Vejo isso como um processo natural, uma nova fase do mercado de serviços de pagamentos atrelado às mudanças que o mundo vem vivenciando. Como a aceleração digital causada pela pandemia, por exemplo, em que milhares de pessoas se viram forçadas a adentrar o universo dos meios de pagamento.

A indústria, hoje, passa por uma fase de customização. As empresas entenderam a importância de oferecer soluções próprias, seja para seus clientes (B2B) ou para o consumidor final (B2C). Isso porque além de agregarem ao modelo de negócio dessas companhias, também contribuem para a fidelização de clientes. Vejo essa transformação como um cenário bastante positivo, já que a customização tende a descentralizar o acesso aos serviços financeiros. 

Lucas Moraes, CEO da Olivia

Eu acredito que do ponto de vista de que toda empresa deverá ser uma empresa de dados, faz sentido. Toda empresa deveria buscar na sua estratégia core, aplicar AI/Machine Learning para criar novas soluções e novos modelos de negócio mais inteligentes.

Agora, toda empresa conseguir acesso a informações financeiras e vender serviços/produtos financeiros, através do Open Banking, por exemplo, acho mais difícil. Não é isso que estamos vendo fora do Brasil em geografias já reguladas que atuamos. É uma condição que passa diretamente pela proposta de valor e consentimento do cliente. Se a empresa não tem de forma clara, porque oferecer esse tipo de produto e porque acessar os dados financeiros de um indivíduo, não faz sentido se-lo.

Versione Mauro Júnior, CEO da Phi

Embora seja uma frase de efeito muito usada ultimamente, na minha visão acho um pouco exagerada. O desafio é simplificar e melhorar a experiência do cliente, em pagamentos, créditos, serviços, mas não necessariamente de suas próprias fintechs. A pergunta que fica: por que não de forma colaborativa como uma plataforma?

5- Qual o papel da inclusão financeira para a expansão do ecossistema fintech no país?

Antônio Brito, CEO da Supersim

Tenho um grande viés nessa resposta, para mim é fundamental, daí a escolha do SuperSim em endereçar a dor de dezenas de milhões de brasileiros sem acesso a crédito.

É difícil o ecossistema escalar de verdade se as soluções estiverem concentradas nas grandes empresas ou clientes das classes A&B, não que esses não sejam bons grupos inclusive, mas a expansão passa pela democratização dos serviços para os 80% dos CNPJs e CPFs que estão concentrados nas PMEs e classes C, D & E.

Daniel Calonge, CEO da Monetus

Alinhamento com o time é fundamental! No início do processo traçamos possíveis cenários e alinhamos isso com o time, que abraçou junto com a gente e assim conseguimos não desligar ninguém.

Eduardo del Giglio, CEO da Caju

O Brasil é extremamente sub-penetrado em diversas verticais financeiras: Seguros, Previdência, Crédito, etc. Se você cria um produto que aumenta a inclusão, você está criando mercado em um mercado sub-penetrado. E isso é o tipo de coisa inesperada que faz uma empresa decolar. Um exemplo é o Nubank: quando os grandes players olhavam para margem e market share e consideravam que não seria uma ameaça, mas não incluía quem nunca tinha tido conta no banco. Hoje o Nubank tem mais clientes que o Santander

Fabio Carrara, CEO e fundador da Solfacil

As fintechs irão atender melhor os clientes que não recebem bom ou nenhum atendimento por parte dos bancos, seja para profissionais autônomos, por exemplo, com sua limitação de comprovação de renda mas que precisam de crédito para crescer; ou para grupos pouco representados no ecossistema que gostam de personalização e priorizam identificação. 

O principal fator de inovação das fintechs é justamente tornar o sistema bancário um instrumento acessível, entendendo o mercado e seus riscos. Com isso, desmistificamos, junto aos nossos parceiros, o acesso a crédito, que é um dos grandes gargalos do sistema bancário nacional.

João Miranda, CEO e fundador da Hash

A inclusão financeira é essencial. Pensando no mercado B2B, onde atuamos, democratizar o acesso aos serviços financeiros é uma forma de viabilizar que pequenas e médias empresas tenham acesso a melhores produtos, coerentes com suas realidades, diferente do que é oferecido hoje pelos grandes atores que controlam o mercado. Olhando para o consumidor final, o Brasil tem hoje mais de 45 milhões de pessoas desbancarizadas, segundo o Instituto Locomotiva. Isso significa que um em cada três brasileiros ainda não possui uma conta bancária.

Estima-se que esse mercado possa movimentar cerca de R$ 800 bilhões de reais. Ou seja, temos um potencial gigantesco de crescimento para o país e também para a criação de novas soluções que permitam a entrada dessa parcela da população ao ecossistema. A pandemia tem contribuído para isso, de certa forma, com o auxílio emergencial, que obrigou a  população a se digitalizar. Segundo a Empresa de Cartões de Crédito e Serviços (ABECs), o auxílio sozinho movimentou mais de R$52 bilhões no cartão de débito. 

Lucas Moraes, CEO da Olivia

É um ponto fundamental. Uma das ações que fizemos na Olivia recentemente, foi uma parceria com a ONG Gerando Falcões, para dar aulas sobre finanças à pessoas em situação de mais vulnerabilidade. Esse é apenas a ponta do iceberg e nós como empreendedores, temos que assumir a responsabilidade e criar mecanismos de inclusão social através especialmente, da educação financeira. O Brasil tem uma penetração bastante grande de smartphones, adicionando a capacidade de conectividade que ano a ano, vem aumentando, a inclusão financeira deverá aumenta

Versione Mauro Júnior, CEO da Phi

Vivemos um momento único de transformação no setor financeiro do Brasil, as fintechs têm um papel fundamental no processo de reinvenção dos modelos, democratização de serviços, redução dos custos, inclusão de consumidores e por aí vai. Esse é um ciclo que se auto alimenta, quanto mais inclusão financeira, mais fintechs especializadas irão surgir, promovendo soluções de nicho, que agregam e digitalizam a vida financeira da população.

Distrito Fintech Mining Report 2021

Saiba quais são e em quais categorias atuam as mais de 1150 fintechs brasileiras no maior estudo gratuito e completo sobre o ecossistema de fintechs no Brasil.

Confira alguns dos highlights do Distrito Fintech Mining Report 2021:

  • O ecossistema de fintechs é um dos mais diversos e bem-sucedidos em termos de distribuição de categorias, sendo Meios de de Pagamentos a maior (15% do total).
  • Desigualdade de gênero persiste no ecossistema de fintechs, com apenas 12,7% das mulheres no quadro societário.
  • Os late-stages concentram a maioria dos investimentos em fintechs brasileiras, tendência que deve se acentuar nos próximos anos.
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