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Venture builders: o que são e como funcionam

Venture builders: o que são e como funcionam

17 de março de 2022
8 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 17 de março de 2022

Venture builders são como “fábricas” que produzem startups em série

O ecossistema de startups tem crescido de forma acelerada gerando grandes transformações em diversos modelos de negócios em diferentes setores. Segundo dados do Venture Capital Bulletin, só nos dois primeiros meses de 2022, mais de US$ 1,3 bi foram investidos em startups no Brasil e o volume investido nesse mesmo período apresentou um aumento de 35%, em relação ao ano anterior. 

Contudo, para colocar uma ideia inovadora em prática, os empreendedores precisam ir em busca de que recursos que estão além da questão financeira, como uma equipe capacitada para dar os primeiros passos do negócios, uma rede de pessoas experientes no mercado de inovação e tecnologia que possam auxiliar a condução da startup para o crescimento.

É aqui que entram as Venture Builders. Elas são instituições com foco na construção e desenvolvimento de ideias e negócios escaláveis e, de forma geral, são empresas especializadas em criar empresas. Na sequência, vamos explicar com mais detalhes o que é uma venture builder, como elas se relacionam com a nova economia e como podem fazer parte das estratégias de inovação. Continue a leitura!

O que é venture builder

Venture builders são organizações que criam, validam e aceleram diversas startups simultaneamente. Geralmente, são criadas por pessoas de negócios com ampla experiência no mercado da tecnologia e conexões com investidores, empreendedores, grandes empresários e outros agentes importantes do ecossistema de inovação.

Também conhecidas como “fábricas de startups” ou “estúdios de startups”, as venture builders constroem infraestruturas compartilhadas que permitem que várias ideias sejam colocadas em prática ao mesmo tempo, desde a etapa de ideação até a sua consolidação como solução comercializável e escalável.

De acordo com o autor Royal Montgomery, as venture builders procuram atender as necessidades estruturais básicas com as quais toda startup em estágio inicial precisa lidar, de modo que suas equipes possam se concentrar naquilo que realmente importa: o produto.

O objetivo de uma fábrica de startups é justamente “industrializar” as atividades mais periféricas das novas empresas de tecnologia, fornecendo aos empreendedores apoio nas áreas jurídica, administrativa, contábil, de marketing, recursos humanos e outras. Além dos serviços de consultoria, ferramentas como softwares de gestão, plataformas de transmissão online e de nuvem também são compartilhados nos estúdios de startups.

Uma vez que os gestores das venture builders mantêm um relacionamento próximo com investidores — ou possuem eles próprios fundos de investimento —, o capital de risco se torna mais acessível às startups do portfólio com melhor desempenho. 

As venture builders atuarão como holding companies, com participação societária nos seus projetos que se demonstrarem mais promissores e terão envolvimento ativo nas suas operações diárias, até obterem retorno através da venda da startup para empresas de grande porte ou mesmo uma oferta pública inicial.

Naturalmente, as taxas de sucesso das venture builders são mais elevadas do que as dos fundos de venture capital tradicionais — a expectativa é de que 60 a 80% das startups dos estúdios se tornem empresas lucrativas.

Venture builders e a nova economia

No final da década de 90, a popularização da internet permitiu o surgimento da chamada nova economia, caracterizada principalmente pelo uso intensivo da tecnologia pelas empresas, a valorização do consumidor e modelos de negócio baseados mais em serviços do que em produtos.

É nesse contexto que nascem as startups, negócios com equipes jovens e enxutas capazes de crescer a uma velocidade muito maior do que as corporações tradicionais.

No entanto, para crescer rápido e de modo escalável, aumentando o faturamento sem precisar aumentar os custos de proporção, essas empresas de tecnologia modernas precisavam de recursos difíceis de obter apenas por conta própria, como mão de obra qualificada, investimentos e equipamentos de trabalho em geral.

Assim é que começaram a despontar no mercado empreendimentos de fomento e apoio às startups, que ficariam conhecidas como venture builders.

Principais venture builders do Brasil e do mundo

Entre as primeiras venture builders, estão a Rocket Internet, criada em 2007 na Alemanha, e a Betaworks, de Nova York, fundada em 2008. Contudo, alguns argumentam que a primeira fábrica de startups na verdade foi a Idealab, aberta em 1996 no Vale do Silício e que continua em atividade até hoje.

No Brasil, a eMotion Studios já originou mais de quinze startups, desde a identificação da tese de mercado e investimento até a consolidação do negócio.

Com dez anos de operação e considerada a maior venture builder do país, a eMotion criou um modelo de negócios próprio baseado nos conceitos de 1) lean startups, que propõe a criação de protótipos para avaliação de desempenho no mercado para só depois desenvolver a versão final da solução; e 2) design thinking, filosofia apoiada na criatividade e que permite a organização de ideias que estimulam a atitude e a busca por conhecimento.

Venture builders como estratégia de inovação corporativa

Em 1958, a vida útil das companhias listadas no índice S&P 500 era de 61 anos. Hoje, em meio a ecossistemas repletos de startups que desafiam o status quo de indústrias com décadas de tradição, a longevidade das companhias é de apenas dezoito anos.

Logo, é imprescindível que as corporações tradicionais se associem às novas empresas de tecnologia se não quiserem ver o seu negócio ultrapassado em alguns poucos anos. 

Uma das muitas estratégias adotadas pelas companhias para acompanhar as inovações do mercado é criar sua própria fábrica de startups e desenvolver soluções tecnológicas internamente, dentro de casa.

Do Google à Microsoft, mais e mais empresas estão aderindo ao corporate venture building

Por outro lado, outras tantas ainda hesitam em inaugurar um estúdio de startups, apesar das suas potenciais vantagens financeiras e estratégicas.

Como todo projeto relacionado ao ecossistema de novas tecnologias, as venture builders também são empreendimentos bastante arriscados. Conforme um estudo conduzido pela plataforma americana Startup Genome, onze em cada doze startups vão à falência.

Por esse motivo, mesmo na era das revoluções tecnológicas, a maioria das empresas ainda teme encarar uma jornada de transformação digital e os desafios que ela traz consigo.

Quando se trata de venture builders, os resultados nem sempre são imediatos, e o caminho até os primeiros êxitos pode ser demorado. Desse modo, é fundamental que as empresas tenham um planejamento bem definido antes de embarcar em uma empreitada do tipo.

Também é importante que os acionistas da corporação estejam cientes e de acordo com os riscos envolvidos no projeto, de maneira que a equipe responsável tenha liberdade para tomar decisões sem garantia total de sucesso.
Em vez de apostar em uma solução única e empregar todos os esforços para fazê-la decolar, essas “construtoras” buscam desenvolver uma linha de produção em que um MVP (mínimo produto viável) atrás do outro é testado em busca de product-market fit.

Diferenças em relação a outros modelos de negócio

É essencial destacar as diferenças do venture builder em relação a outros modelos de negócio, sobretudo, para auxiliar os empreendedores a tomarem as melhores decisões.

Startups

Normalmente, as startups se concentram em um único negócio principal, enquanto que os venture builders trabalham continuamente e simultaneamente em diversos projetos e empreendimentos.

Aceleradoras ou incubadoras

As aceleradoras ou incubadoras oferecem mentorias  e compartilham alguns serviços por um período de tempo determinado com equipes externas. Geralmente, as startups apresentam um plano de ação e recebem recursos iniciais. 

Em contrapartida, em uma venture builder, todas as ideias são desenvolvidas internamente com equipes construídas do zero.

Fundos de venture capital

Os recursos de um fundo de venture capital são disponibilizados para financiar empresas que já estejam em crescimento acelerado e as expectativas relacionadas aos resultados são de longo prazo, com um retorno médio que varia de 5% a 30% ao ano. 

Enquanto isso, nas venture builder, o ciclo é mais curto, onde a expectativa de saída é de cinco a sete anos e o foco é no gerenciamento diário de pessoas, do jurídico, do produto, do modelo de negócio, etc. 

A principal diferença é que, enquanto o venture capital é um investidor, a venture builder é como um sócio e essa diferenciação é crucial para que os empreendedores entendam qual a melhor solução para os seus negócios.


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