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Retrospectiva do ecossistema de inovação 2022 | Distrito

Retrospectiva do ecossistema de inovação 2022 | Distrito

11 de janeiro de 2023
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Artigo atualizado em 11 de janeiro de 2023

Há um tempo, a inovação tem sido encarada como a mola propulsora dos negócios e, em decorrência disso, surgiu o chamado “ecossistema de inovação”, ou seja, ambientes colaborativos entre si nos quais os atores corporativos se juntam a fim de inovar e gerar alto desempenho social e econômico.

Quando falamos em atores, estamos nos referindo a empresas, startups, governo, venture capital e tantos outros, cujo objetivo em comum é o de crescer mais rapidamente. E, em 2022, o que não faltou foram acontecimentos que geraram interferência direta na economia global.

Pensando em trazer um panorama deste cenário, nós, do Distrito, compilamos os principais cenários do ecossistema de inovação em 2022!

Os principais acontecimentos do ecossistema de inovação em 2022

Em 2022, finalmente começamos a nos apartar do cenário pandêmico, contudo, as sérias consequências da Covid-19 ainda permeiam o mundo, em especial, a economia.

Também tivemos a Guerra na Ucrânia, um conflito entre ucranianos e russos que gerou uma série de problemas para a esfera financeira mundial. E, ainda, o Brexit continuou a gerar repercussões no Reino Unido, da União Europeia (UE) e, não podemos deixar de frisar, que a saída dos britânicos da UE também gerou rumores nos demais países.

De modo mais perceptível, esses fatores contribuíram para a construção do contexto nacional, como veremos a seguir. Antes, porém, no nosso conteúdo sobre os impactos da pandemia no mercado financeiro, nos aprofundamos mais sobre o tema e dar dicas sobre como superar os efeitos da pandemia no seu negócio, então, não deixe de conferir!

Conjuntura brasileira para atuação das startups em 2022

No Brasil, as consequências da pandemia desaguou na inflação, o que, consequentemente, desencadeou o aumento expressivo no preço dos alimentos e do combustível.

Todavia, a despeito das dificuldades enfrentadas, foi possível notar que os investidores permaneceram investindo, o que tem contribuído para as startups brasileiras acompanharem os novos negócios estrangeiros.

– Mudanças estruturais

No cenário nacional, podemos duas importantes variáveis estruturais, quais sejam: I) o emprego e II) o patamar tecnológico.

Ao longo do decorrer do ano, ficou evidente o quanto o país conta com diversas oportunidades, apesar das grandes dificuldades que o mundo vem enfrentando. Nesse sentido, os investimentos não deixaram de existir, fazendo com que as startups nacionais tenham potencial para acompanhar pari passu os novos empreendimentos internacionais. 

Não podemos deixar de reconhecer a necessidade de aperfeiçoamento e qualificação da mão de obra brasileira para dar conta tanto da transformação digital quanto da ascensão das startups.

É válido destacar, contudo, que até mesmo as demissões em massa ocorridas nas big techs como Twitter, Meta e Amazon, colaboraram com a alocação de profissionais da tecnologia em empresas tradicionais, gerando uma transformação virtual e contribuindo com a economia digital.

– O que vêm por aí?

Essa movimentação possui uma forte capacidade de trazer dinamismo para o mercado de venture capital no futuro. Porém, muitos analistas alertam para uma possível recessão dada a inflação, os juros e a atividade econômica.

Convém destacar, ainda, que também existem variáveis estruturais importantes, como as mudanças na regulação das big techs e as alterações nos modelos de negócios das startups, considerando que a necessidade do uso de dados é central.  

Ao compararmos o número de aportes em startups de 2022 e 2021, podemos notar uma redução do número em 2022, o que, por certo, serve de alerta importante a respeito do número de oportunidades que podem ser reduzidas para os investidores de risco. O que isso nos mostra é que podemos esperar mais ondas de grandes aportes em poucas startups.

Outro movimento que também podemos aguardar é a diversificação ainda maior de modelos de startups e, devido aos preceitos regulatórios que o assunto deve ganhar em breve, haverá mais chances de as startups desenvolverem os seus próprios ecossistemas para conquistarem mais clientes, alcançarem mais crescimento e obterem melhores resultados.

Venture Capital

Veja também: Corporate Venture Capital: por que empresas estão investindo cada vez mais em startups?

Principais estatísticas do ecossistema de inovação em 2022

Os números do Distrito mostram uma realidade bastante informativa acerca da quantidade de startups, do seu crescimento e do público-alvo. Vejamos a seguir cada um desses tópicos:

– Quantidade total de startups

Ao todo, são cerca de 12.733 startups ativas na plataforma do Distrito. Desse número, cinco setores são os mais populosos por possuírem a metade do total das empresas. E quando pensamos no tipo de startups que mais se destacam, temos as fintechs possuindo cerca de 12,67% das empresas.

Já quanto ao setor, temos o seguinte panorama:

  • O ramo financeiro se apresenta como o mais maduro do ecossistema de inovação brasileiro, tornando o sistema financeiro tradicional um tanto deficitário;
  • Os setores de marketing e varejo, as chamadas martech e retailtech, também se revelam como bem consolidados e devem permanecer relevantes para os próximos anos;
  • As healthtechs e edtechs são vistas como as que mais possuem espaço para desenvolvimento, em razão das necessidades e oportunidade trazidas à tona durante a pandemia.

Por falar em fintech, confira o nosso post sobre o que é e como impacta no mercado.

– Crescimento ano a ano

No período de 2017 a 2018, tivemos o maior registro em número a criação de startups, foram cerca de 1700 empresas fundadas por ano.

Em 2021 e 2022, é possível observar que esse número sofreu uma queda. Destaca-se, porém, que esse número pode sofrer um aumento nos próximos anos em razão da relevância que podem assumir no ecossistema.

– Público-alvo das startups

No que tange o público-alvo, temos que as startups B2B representam 54,64% do total das empresas ativas, essa preferência pelas soluções B2B pode estar relacionada à alta demanda das empresas brasileiras por tecnologia. Em contrapartida, é baixo o número de empresas B2G (Business to Government), com apenas 0,64%.

Investimentos realizados no setor de inovação em 2022

Outro ponto que devemos rememorar é o investimento feito na inovação durante o ano.

Investimentos das Startups

– Volume total investido por ano

Em 2021, houve um grande marco no mercado de venture capital no Brasil, foram mais de US$ 10 bilhões em investimento e um crescimento de 172,65%, se comparado a 2020.

No quadro comparativo de 2022 e 2021, foi possível observar uma variação negativa de 55,65%. Um fato que é válido ressaltar, no entanto, é que ao comparar 2022 com 2020 e 2019, nota-se um crescimento de 20,93% e 42,83%.

Com isso em mente, é possível dizer que o ano de 2022 apresentou um mercado muito aquecido e que, gradualmente, os patamares mais baixos poderão ser corrigidos.

– Volume por setor

No que toca a porcentagem de investimento por âmbito, a perspectiva que se apresenta é a seguinte:

  • Empresas de tecnologias com soluções financeiras receberam cerca US$ 2 bilhões de investimento, o que representa 47,16% do volume total em 20,13% das rodadas, que foram 122;
  • As energytechs e agtechs também chamaram a atenção em razão da sua verticalidade, ficando entre os cinco primeiros;
  • O setor de healthtech recebeu 3,91% do volume total, muito embora tenha recebido 10,89% das rodadas. Apesar da margem, é esperado que o setor amadureça ao longo dos próximos anos.

– Divisão de investimentos por estágio

Nos investimentos feitos por estágios, houve uma diminuição de 25% no número de deals em estágio semente (pré-seed e seed) de 2021 para 2022, seguindo uma tendência semelhante: 20% inferior ao ano passado.

Já a semelhança entre a quantidade de deals e o valor, visualizou-se que o número dos cheques não sofreu alterações significativas nas rodadas late stage, ou seja, a partir da série C. 

Quanto ao número de rounds early-stage, as séries A e B, tivemos uma queda de 41% comparado a 2021, configurando uma queda de 45% no valor total investido.

Desafios do setor de inovação em 2022

O ano de 2022 também foi repleto de desafios e os que mais movimentaram o mercado foram:

– Demissões e desafios do capital humano

Uma das maiores adversidades de 2022 foi o fenômeno lay-off, ou seja, as demissões em massa. A Meta, por exemplo, desligou cerca de 11000 funcionários em todo o mundo; empresas como Twitter e Amazon também passaram pelo mesmo cenário.

A tendência dos desligamentos de funcionários também ocorreram nas startups da Europa, nos principais ecossistemas de inovação asiáticos e na América Latina, especialmente no Brasil.

Por ser um acontecimento recente, o motivo dessa predisposição de instabilidade ainda carece de mais investigações concretas e é o que founders, investidores e, sobretudo, profissionais do ecossistema tech têm buscado compreender.

– A debandada dos unicórnios

A denominaçãostartup unicórnio passou a ser conhecida em todo o mundo a fim de designar aquelas empresas que possuem destaque no mercado. Esse status serviu para diferenciá-las no momento de atrair talentos e gerar a atenção da mídia, além de ganhar prestígio com parceiros em potencial.

Contudo, o termo se alastrou de maneira desordenada e a referência acabou perdendo o valor que tinha antes. Tanto é que de 542 novos unicórnios, em 2021, fomos para 242, em 2022, o que representa uma queda de 55,4%.

Um detalhe importante: segundo um levantamento divulgado pelo Pitchbook, as startups nos 10% mais bem avaliados em suas rodadas unicórnio, viram seu valor cair para uma média de US$ 680 milhões.

Atualmente, já existe até uma nova designação para se referir a startups que conseguem levantar cheques de US $1 bilhão num único round, elas ficaram conhecidas como “os dragões”.

– A busca por novos mercados

Na prática, é muito comum vermos empresas que após atingirem determinado nível da sua história, se torne difícil conseguir novos clientes de acordo com o mesmo segmento ou a localidade geográfica.

A partir daí, torna-se necessário buscar novos mercados, como a compra de startups, a internacionalização, o desenvolvimento de ecossistemas e outras medidas.

A Clara é uma startup mexicana de finanças que oferece uma plataforma a partir da qual é possível ter controle de gastos e cartões de crédito corporativos. Recentemente, a startup também buscou novos mercados eveio para o Brasil.

De acordo com Layon Costa, o brasileiro que passou um ano otimizando os processos para a vinda da fintech para o país, isso se deu uma vez que:

“[…] o brasileiro já está acostumado com novas tecnologias, principalmente as das fintechs. O mercado é ideal para propor inovações e aprender com os usuários. No processo de escolha de um país de destino para expansão existem diversos fatores a se considerar […]”.

Em suma, 2022 acabou ficando conhecido como “inverno VC“, isto é, o período em que ficou marcada a queda dos investimentos em startups, entretanto, é necessário não perder de vista que no mercado das startups também existem certas fases críticas como em qualquer outro setor.

A lição que fica é que os períodos delicados sempre tendem a fortalecer os negócios e torná-los mais capazes de criar inovação e impulsionar a tecnologia e, sem dúvidas, os próximos anos serviram para isso.

Neste artigo, você pôde conhecer os principais eventos que marcaram o mundo das startups em 2022 e para continuar por dentro do tema, não deixe de conferir o nosso posts sobre a entrada em vigor do Novo Marco Legal do Câmbio e entenda como isso influenciará as startups. Até mais!